
O Brasil barrou a entrada de 69 americanos desde que voltou a valer a reciprocidade de visto para turistas dos Estados Unidos, de acordo com dados da Polícia Federal (PF) obtidos com exclusividade pela Coluna do Estadão. O governo Lula retomou no último dia 10 a obrigatoriedade do documento para pessoas dessas nacionalidades que desembarcam no País. A medida estava prevista para entrar em vigor desde 2023, mas vinha sendo adiada.
O levantamento da PF abarca o período entre o dia 10 e esta quarta-feira, 15. Segundo o órgão, a maior parte dos incidentes ocorreu logo após a nova regra passar a valer, provavelmente porque os turistas ainda não estavam informados da mudança. Com o decorrer dos dias, a situação está normalizando. A maioria dos casos ocorreu no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, mas a contagem também leva em conta tentativas de entrada por via terrestre.
No período analisado, de acordo com a PF, 6.120 americanos foram autorizados a entrar no País. Os 69 barrados representam 1,13% do total. Também foram impedidos de ingressar no Brasil 15 australianos (4,1%), enquanto 368 foram liberados. Em relação a canadenses, 777 conseguiram entrar e 12 foram impedidos (1,54%). A reciprocidade de visto vale também para Canadá e Austrália. Ao todo, 96 turistas dos três países foram barrados entre os dias 10 e 15.
A volta da exigência dos vistos passou a ser analisada no Palácio do Planalto no contexto das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e da política de deportações em massa.
Em 2019, o ex-presidente Jair Bolsonaro isentou a cobrança de vistos, de forma unilateral, para EUA, Austrália, Canadá e Japão. A volta da política de reciprocidade foi definida por Lula ainda durante a transição de governo, no fim de 2022, sob o argumento de que não houve um impulsionamento significativo do turismo.
No ano passado, o Japão acertou com o Brasil a isenção recíproca de vistos temporários de turismo, em negociação com o governo Lula. Os demais países, não.
Roseann Kennedy/Iander Porcella/Estadão/Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil/Arquivo