Muita gente já leu ou ouviu falar da literatura de cordel, mas poucas de fato chegaram a participar efetivamente da construção dos versos ou das xilogravuras, que são aquelas figuras que nos remetem a um “carimbo”, na cor preta, e que geralmente ilustram os livretos de cordel, gênero literário presente na cultura popular nordestina.
Em Casa Nova-BA, no semiárido brasileiro, jovens e adultos tiveram a oportunidade de adentrar nesse universo a partir do projeto “Grafias da Caatinga – da Xilogravura à Fotografia”, que ofereceu gratuitamente duas oficinas – de fotografia e xilogravura -, realizadas na Comunidade da Melancia, na zona rural do município.
“Os objetos fotografados no nosso dia-a-dia na caatinga ou trazidos na memória dos alunos foram transformados em xilogravura, reforçando a nossa cultura e identidade como caatingueiros. Foi surpreendente o resultado,” destaca Thiago Rocha, que coordena o projeto junto com o cineasta Wllyssys Wolfgang.
O resultado do projeto poderá ser apreciado pelo público em geral nesta sexta-feira (18) e no sábado (19), no Colégio Estadual de Casa Nova, localizado na Rua A, no centro da cidade. A iniciativa é inédita na comunidade e causou grande repercussão, contando com mais de 20 alunos em cada oficina, todos oriundos de comunidades de fundo de pasto (comunidades tradicionais rurais no Semiárido).
“A primeira exposição foi feita exclusivamente na comunidade da Melancia para que os próprios alunos pudessem apreciar, participar e trazer os familiares e amigos. Agora está sendo na zona urbana para que haja um reconhecimento e integração entre a comunidade e os moradores da sede”, afirma Wllyssys Wolfgang.
Mais de 80% dos alunos são pretos ou pardos; 70% mulheres e 100% oriundos de escolas públicas. Nenhum dos alunos havia feito um curso de xilogravura, embora 100% conhecessem a literatura de cordel, de acordo com levantamento feito entre os próprios estudantes.
O projeto é realizado em parceria com a produtora WW Filmes e apoio logístico da Caroá Produções, empresas que atuam no Vale do São Francisco, além dos profissionais Wyvys Reis(produção e logística), Jota Souza(Jota Filmes) e Paloma Biondo(auxiliar pedagógica). O projeto conta com o apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia.
Ascom Bia Braga