Aos 26 anos, Luísa Canziani (PSD-PR) comemorou o fato de o País ganhar mais de 2 milhões de eleitores jovens, após intensa campanha nas redes sociais, que incluiu até mesmo a cantora Anitta e o ator Leonardo Di Caprio. “A juventude precisa ter vez e voz na política”, disse Canziani, a mais nova deputada federal.
“Tirar o título de eleitor é apenas o primeiro passo até a urna. Por esse motivo, temos debatido, com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), formas de atuação conjunta entre a Justiça Eleitoral e o Parlamento para ampliar a participação do jovem na política”, afirmou a deputada.
Eleita em 2018 com apenas 22 anos, Canziani usa seu mandato para defender a bandeira da educação e, por isso, foi escolhida para ser a relatora do projeto que institui o homeschooling, modalidade de ensino à distância, defendida pelo governo de Jair Bolsonaro (PL).
A deputada se filiou ao PSD em março. Antes, ela estava no PTB de Roberto Jefferson. A saída do PTB ocorreu após conflito com o ex-deputado bolsonarista.
A seguir, os principais trechos da entrevista:
O Brasil ganhou mais de 2 milhões de eleitores jovens, de 16 a 18 anos, de janeiro a abril deste ano. A que a senhora atribui o maior interesse do jovem na política?
É com imensa alegria que vejo a mobilização deste público, que tem entendido, a cada momento, que sua participação é importante e pode fazer a diferença. Tirar o título de eleitor é apenas o primeiro passo até a urna. Por esse motivo, temos debatido, com o TSE, formas de atuação conjunta entre a Justiça Eleitoral e o Parlamento para ampliar a participação do jovem na política. Eu entendo que essa mobilização dos jovens se dá, sobretudo, por um anseio de se sentir representado, de ter suas demandas atendidas e suas angústias supridas, com mais empregabilidade e educação, por exemplo.
Por que é importante que os jovens participem da política?
Quase 30% dos jovens brasileiros estão desempregados. Uma das principais pautas da educação tem de ser ensino profissional e tecnológico, que é qualificar rápido os jovens para o mercado de trabalho, para esse mundo dinâmico, inovador. Oitenta e cinco por cento das profissões que existem hoje não existirão em 2030. A gente está falando com quem? Mais do que nunca com uma juventude que precisa ter vez e voz na política, além de representatividade. E aí a importância da participação jovem, não só no processo eleitoral, mas também nas discussões no âmbito do Congresso e da política. Muito do que está sendo discutido vai afetar a vida do jovem e o desenvolvimento do País. Esse é o ponto chave.
É difícil a experiência de atuar em um Congresso com poucas mulheres e jovens?
Não é difícil, é desafiador. Mas, ao mesmo, tempo eu encontrei bons parceiros. O presidente da Câmara, Arthur Lira, dá protagonismo para as mulheres. Além disso, também há a participação de mais deputados jovens, uma bancada sub-30. Isso tudo vai fazendo com que a gente tenha uma rede de apoio.
O que a motivou a entrar na política tão cedo?
A política sempre fez parte da minha vida (ela é filha do ex-deputado Alex Canziani). Participei desde muito cedo da articulação político-eleitoral, dos movimentos da juventude, das mulheres. A política sempre foi um espaço do qual eu participei, mas as mulheres e os jovens não estavam.
Estadão Conteúdo/Foto: Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados