Dia Mundial do Câncer será comemorado na próxima sexta-feira, 4 de fevereiro

Cidades Salvador

A evolução no diagnóstico e tratamento dos mais variados tipos de câncer na última década criou uma nova perspectiva no combate à doença ao permitir que o paciente oncológico viva mais e melhor. A identificação precoce de tumores, novos medicamentos, imunoterapia, marcadores moleculares e cirurgia minimamente invasiva, entre outros avanços científicos e tecnológicos, fortalecem o arsenal terapêutico e ampliam não só a sobrevida, mas principalmente o bem estar de quem lida com o câncer. A detecção de lesões em estágios iniciais, facilitada por técnicas específicas, aumenta as chances de cura. Outro ponto positivo que os oncologistas devem destacar no próximo Dia  Mundial do Câncer, 4 de fevereiro, é a tendência já consolidada de personalização do tratamento, atrelada diretamente a maior precisão na escolha das terapias.

Além da evolução de exames como ultrassom, tomografia computadorizada e ressonância magnética, que detectam o câncer por suas características estruturais e anatômicas, e do  PET/CT, que avalia com precisão se há atividade metabólica dentro do tumor, diversas outras inovações têm facilitado a identificação precoce da doença. Avanços em exames de sangue e citopatológicos, novidades como a biópsia por fusão de imagens e, mais recentemente, a chamada biópsia líquida, entre outras, não só antecipam o diagnóstico como facilitam o acompanhamento da doença durante o tratamento.

Entre os avanços no combate ao câncer, a imunoterapia, tratamento que ajuda o sistema imunológico a atacar as células cancerígenas, desponta como uma alternativa promissora. “O uso de imunoterapia tem registrado resultados muito positivos em pacientes com melanoma metastático e em outros tipos de câncer como de mama, colo uterino, pulmão, rim, bexiga, cabeça e pescoço e linfomas”, afirmou a oncologista Renata Cangussu, integrante do grupo baiano ‘Mulheres na Oncologia’. Outro destaque é a terapia alvo-direcionada com pequenas moléculas, opção promissora para câncer de pulmão, melanoma, leucemia mielóide crônica e alguns tipos de tumores gastrointestinais. “Do ponto de vista cirúrgico, não podemos esquecer do crescimento das modalidades minimamente invasivas, como a videolaparoscopia e a cirurgia robótica, em franca expansão no Brasil e, em especial, na Bahia”, completou a especialista.

Outra mudança positiva proporcionada pelos avanços na oncologia é o controle efetivo de tumores pequenos e de baixo risco por longos períodos de tempo. “Antes, quando um câncer era diagnosticado, a cirurgia geralmente era o ‘plano A’, mas com o passar do tempo, percebeu-se que nem sempre este é o melhor caminho. A escolha do tratamento depende do tipo de tumor, da fase em que ele se encontra, da saúde integral do paciente, de sua idade e expectativa de vida, entre tantos outros fatores”, explicou a médica radioterapeuta e membro do ‘Mulheres na Oncologia’, Elisângela Carvalho. “Alguns pacientes podem ser apenas monitorados, sem a necessidade de intervenção cirúrgica, quimio ou radioterapia, até que, eventualmente, o ‘pequeno e indolente tumor’ que estava latente dê algum sinal de crescimento”, explicou a especialista ao referir-se à possibilidade de uma “vigilância ativa do câncer”.

Nos últimos anos, a proteção da saúde cardiovascular do paciente oncológico (cardio-oncologia) e a preservação da fertilidade para pacientes que pretendem engravidar após o tratamento do câncer (oncofertilidade), entre outros cuidados paralelos ao tratamento do tumor propriamente dito, revelam que o cuidado com a saúde global do paciente oncológico é uma realidade. “Este olhar mais amplo tem contribuído decisivamente para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes”, afirmou a oncologista. Nesse cenário, a atuação de equipes multidisciplinares, compostas por diferentes profissionais de saúde – médicos de diferentes especialidades, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, enfermeiros, profissionais de educação física, dentistas, entre outros – também se revela como essencial para o sucesso das terapias.

Personalização – Considerar as peculiaridades de cada pessoa no tratamento é a grande bola da vez do tratamento oncológico. Tanto na quimioterapia convencional quanto nas chamadas terapias-alvo, por exemplo, o medicamento pode ter eficácia e efeitos colaterais variados entre os pacientes. Isso acontece porque cada pessoa apresenta características genéticas que determinam como ele metaboliza os medicamentos. Além disso, os tumores são formados por células com alterações genéticas e, enquanto algumas delas respondem aos medicamentos, outras são ou tornam-se resistentes durante o tratamento. “A personalização nos fornece precisão ao escolher terapias mais adequadas. Ela é fundamental na escolha do tratamento mais adequado para tratar um paciente com câncer de forma mais efetiva, com menor toxicidade e maior eficácia”, disse a oncologista e também integrante do grupo Mulheres na Oncologia, Samira Mascarenhas.

Ainda de acordo com a especialista, “as novas perspectivas no combate ao câncer surgem como um alento diante das estatísticas preocupantes sobre o avanço do número de casos da doença”. Só neste ano, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) projeta o registro de 625 mil novos casos, sendo os mais incidentes pele não-melanoma, próstata, mama, intestino e pulmão, respectivamente. “Um alerta importante é que boa parte dos casos podem ser evitados com a adoção de um estilo de vida saudável, que inclui: fim do sedentarismo, combate à obesidade, adoção de hábitos alimentares saudáveis, redução do consumo de álcool, eliminação do tabagismo e controle da exposição à radiação solar”, recomendou a oncologista Renata Cangussu. Informações sobre o grupo podem ser conferidas no site www.mulheresnaoncologia.com.br

Por Carla Santana/Foto: Divulgação

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