Os primeiros desdobramentos concretos envolvendo a operação para transformar a ex-primeira-dama do Estado Aline Peixoto em conselheira do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) indicam que a aprovação de seu nome pela Assembleia Legislativa não será fácil nem discreta. Pelo contrário, está implicando em grande investimento por parte do governo, expresso em muita articulação e, principalmente, em senso de urgência para que a apreciação de seu nome pelo Legislativo não se transforme num fiasco capaz de amarelar a performance da nova gestão, de Jerônimo Rodrigues (PT).
Há, entre os parlamentares que abraçaram a causa da indicação de Peixoto, o convencimento de que o tempo urge e não pode ser desperdiçado na tarefa de transformá-la em representante da Corte de Contas. Eles avaliam que o marido, o ex-governador Rui Costa, tem que aproveitar toda a força da investidura no cargo de ministro chefe da Casa Civil para empurrar o processo, já que se encontra numa posição privilegiada de extrema força e poder na atualidade, com a qual não se sabe até quando poderá contar, mais uma razão porque não deve deixar a oportunidade escorrer pelos dedos.
De fato, em reverência ao poder exalado hoje por um ministro de Estado e em consideração a Jerônimo, não tem sido pequena a turma que está envolvida na tarefa de aprovar o nome de Aline para conselheira do TCM, a despeito das críticas que a iniciativa vem recebendo, nos bastidores, mesmo dos que se dedicam à tarefa de transformar a votação num processo tranquilo e coberto de garantias que passem longe de qualquer perspectiva de derrota. O projeto envolve do PT, partido do governador e de Rui, a outras siglas governistas, a exemplo do PP, que acaba de ser reincorporado à base.
Por trás do envolvimento das forças governistas no projeto, está exatamente a perspectiva dos créditos que ganharão junto ao governo, mas especialmente a uma das figuras mais poderosas do governo Lula (PT). Como diz um deputado da base governista que trabalha dia e noite pela aprovação do nome de Aline, o governo pode nem acenar com compensações no momento para quem votar coesa e firmemente pela aprovação do nome da ex-primeira-dama, mas “um clima de gratidão”, com certeza, emergirá no ar nas relações do grupo com o governador e o ministro a partir de agora.
A onda pró-Aline na bancada governista não desanima o ex-deputado federal Marcelo Nilo (PRP), que já anunciou, publicamente, a disposição de bater-chapa com ela, foi presidente da Assembleia 10 anos, conhece a Casa como a palma da mão e o coração dos colegas como um exímio cardiologista. Nilo está convencido de que não tem motivos para desistir da disputa, confiante, principalmente, no prestígio pessoal de que desfruta entre os parlamentares e nos riscos implícitos numa votação que transcorre de forma secreta, aquela em que dá uma vontade “danada de trair”.
*Artigo do editor Raul Monteiro* Raul Monteiro*
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