Petrolina perde a professora universitária Dora Braga

Cidades Petrolina

Petrolina perdeu, ontem (7), uma das conhecidas professoras universitárias da região: Maria Auxiliadora Braga Barbosa, conhecida popularmente como Dora Braga, que fez parte do quadro de docentes da UPE. Dora era professora de História. A causa da morte não foi informada. O velório está acontecendo no SAF da Avenida Sete de Setembro e o sepultamento vai acontecer às 16h, no Cemitério Central.

Em suas redes sociais, o ex-diretor do campus Petrolina da UPE e atual gestor da Facape, Moisés Almeida, expressou, através de um texto, tudo que ele achava de Dora Braga.

Acompanhe:

Como é ruim um texto de despedida! Mas, preciso lembrar dos momentos marcantes da nossa história de amizade e de companheirismo na docência. Hoje é esse dia!

Conheci Maria Auxiliadora Braga Barbosa em um curso de Especialização na antiga FFPP – Faculdade de Formação de Professores de Petrolina em 1991. Dois anos mais tarde tornava-se colega de Dora Braga, no Departamento de História e Geografia. De lá para cá, foram vinte anos de convivência fraterna e de troca de conhecimentos. Sempre estivemos lado a lado na busca por uma Faculdade de excelência, e, depois, de uma Universidade pública, gratuita e com qualidade. Nestas duas décadas realizamos muitos eventos significativos, a exemplo da Semana sobre Canudos, onde, com a sua ajuda, construímos uma pequena réplica da cidade onde ocorreu a maior Guerra do Sertão. Empolgada com aquela semana memorável, Dora Braga fez conosco, ao final do evento, a viagem até Canudos. Que honra apresentá-la ao meu assunto de pesquisa!

Dora era pura História! Narrava como se tivesse vivido os fatos históricos. Apaixonada pela História Moderna, conhecia elementos pitorescos da nobreza e da plebe. Reis e Rainhas e suas especificidades não ficavam de fora dos seus “causos”. Fazia seu passeio pela História Medieval e se encantava com a Civilização Ibérica. Brincava, sorria, e quando um(a) aluno(a) queria agradá-la, saia com uma frase bem conhecida naqueles corredores: “aluno é tudo falso”. Quantas aulas da saudade não foram ministradas por Dora? Quantos conselhos para a futura docência! Nas festas de formatura, levava alegria e contagiava todos que participavam.

Dora tinha uma biblioteca invejável e, nos tempos que tínhamos televisão, videocassete e depois aparelho de DVD nas salas de aula, ela montou em sua casa uma videoteca. Amava os filmes que retratam a História, especialmente aqueles que tinham relação com suas disciplinas. Depois que se aposentou, fez a doação de toda a sua videoteca para o Laboratório do Colegiado de História.

Em sua casa, Dora tem um pé de Jambo, que quando dava frutos, ela compartilhava na sala dos professores e levava, inclusive, para a sala de aula. Vivia oferecendo esse fruto rosado, apetitoso e tão bem cuidado a quem quisesse saboreá-lo.

Dora, a original, como ela dizia (tínhamos outra professora também com o mesmo nome) chegava na sala dos professores e dizia: Já sabem que o governador aumentou nosso salário? Com essa brincadeira, sempre perguntávamos para ela sobre qual era o percentual de aumento do salário que o governador tinha dado. Era pura gozação!

Dora das alegrias e das festas. No dia 24 de maio era comemorado o seu aniversário. Seus amigos e amigas sempre a surpreendiam. Fechavam a rua, enfeitavam carroças de burro, mandavam entregar presentes inusitados. Era um dia de um bom encontro, regado sempre de uma boa bebida e de comidas memoráveis. No final de ano, também tinha uma festa em sua casa, aniversário do seu filho. Ela adorava receber seus amigos. Sorridente, alegre, festeira, frequentadora junto com seu esposo Vanilo de alguns bares e de algumas festas dançantes. O salto não incomodava e a deixava à vontade, para lançar-se aos movimentos ritmados do corpo, em danças inolvidáveis.

Quis o destino que no último dia 21 de setembro eu tivesse o prazer de levá-la, junto com Vanilo, para um encontro dos professores e professoras mais antigos(as) da UPE, na chácara de Aparecida Brandão. Quanta felicidade eu vi em seu rosto, revendo amigos, compartilhando histórias e relembrando o passado. Era a nossa despedida, marcada pelo reencontro e com grandes alegrias.

Que Deus possa receber sua filha em sua infinita bondade. Seu sorriso, sua alegria, seu compromisso e sua amizade estão marcados nos corações de muitas pessoas, especialmente no meu.

Segue em paz, minha querida amiga Dora Braga!

Moisés Almeida/Professor/Foto: Arquivo pessoal

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