@ Editorial: Cultura e Fé no Vale

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       A religiosidade é marcante nos municípios do Vale do São Francisco, os ritos e manifestações culturais do povo, independente dos ritos oficiais da igreja católica, se tornaram parte do calendário festivo e cultural da maioria das cidades interioranas, e isso vem crescendo à medida que os artistas e a população tomam consciência que o “fazer cultural” não cabe somente aos governos e instituições de Estado, vem do próprio povo, nasce do meio popular, e muitas iniciativas devem partir dos fazedores de cultura, dos artistas, claro, que sendo incentivados pelas leis de fomento à cultura, pelos editais públicos, e outras políticas culturais de incentivo.

         As tradições tão ligadas aos momentos de fé do povo, como as procissões, romarias, rodas de São Gonçalo, e tantas outras festas populares unindo o “sagrado e o profano”, bem típicas de cidades do interior, com toda a sua identidade religiosa e cultural, passaram também a ser motivo de atração turística e existem no calendário oficial de cada município, com suas particularidades, manifestações de fé, próprias de cada localidade.

          A igreja católica pela sua própria diversidade de eventos cristãos é uma das maiores, senão a maior, incentivadora de atos culturais, sejam pontuais ou não, exemplo disso, são as atividades eclesiásticas, as pastorais, as catequeses, os grupos de jovens, os ciclos bíblicos comunitários, os novenários e louvores aos santos católicos, cujas histórias são objetos de pesquisas acadêmicas, e montagens culturais, no teatro, no cinema e na televisão, além de compor grandes salões de artes e bienais, festivais literários e de cultura popular.

         Nunca se pensou e estudou tanto a cultura da fé no Brasil, e suas manifestações religiosas e culturais. A própria fé brasileira é motivo de estudos, de eventos ecumênicos e produções artísticas das mais diversas.

Outro exemplo de fé e cultura é que o calendário cristão católico e os feriados santificados também fazem parte dos feridos nacionais, e não existe uma localidade no Brasil que não tenha o seu padroeiro, e falando nisso, no dia 19 de março se festejou o dia de São José, padroeiro das famílias, dos trabalhadores, dos marceneiros, e principalmente dos agricultores, que pela sua cultura de fé, “se chover no dia de São José terá boa colheita e fartura o ano inteiro”, crença dos agricultores e produtores rurais que já virou tradição entre os católicos e também faz parte da cultura popular do Brasil. 

         Mas, além do imaginário popular tão comum entre os nordestinos, não podemos esquecer que o dia 19 também é o “dia do cuscuz”, o alimento preferido da maioria dos brasileiros, no café da manhã, no jantar, e para muitos até servido no almoço, com uma variedade de pratos, com misturas das mais curiosas, dizem, “que o cuscuz combina com tudo”, e essa mistura também bem nordestina rodou o Brasil e o mundo, e é bem difícil encontrar alguém que não goste desse sabor bem brasileiro.

O cuscuz que vem do fubá, que vem do milho, que vem da plantação, das mãos dos agricultores e agricultoras, é o mais festejado do Brasil, e em Caruaru tem o seu formato gigante, o maior cuscuz do mundo, no tradicional “São João de Caruaru” e é comemorado como o rei da festa!

A Semana Santa no Vale do São Francisco também é uma celebração que vai além da igreja católica, já se tornou “o maior espetáculo teatral ao ar livre”, nas entranhas do sertão nordestino, na “Nova Jerusalém” em Pernambuco, e essa manifestação de nossa cultura se espalhou por várias localidades do país e não existe uma só cidade que não realize a tradicional “VIA-SACRA” ou a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo”, com ou sem apoio governamental, o evento é realizado pelas comunidades, pelas instituições de ensino, e pela própria igreja.

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