Crônica: Quando não depende de nós

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Esperar dos outros para concluir uma tarefa em que somos obrigados a depender, após realizarmos toda a parte que nos cabe, sempre me enfurece.

Seja no trabalho, em casa ou em qualquer lugar, por mais diferente que seja a situação, quando concluímos demandas e achamos que aquilo que buscamos realizar ou resolver vai ser finalizado, sempre vem aquele: “É preciso aguardar cair no sistema para darmos baixa”, “Agora vamos passar os documentos para outro setor concluir”, “Têm que esperar o financeiro aprovar”, “O governo agora tem que liberar”…

E tome espera!

Pior do que ficar aguardando “a boa vontade e a competência” de outras pessoas, é ficar sem informações sobre como anda o processo pelo qual estamos esperando. Quando ligamos ou entramos em contato com a instituição, empresa ou pessoa pelo qual aguardamos uma definição, sempre existe uma desculpa, geralmente, que também estão esperando outro setor liberar para poderem liberar. Em último caso, e quando percebem que a nossa paciência está se esgotando, dizem na maior perversa calma: “Isso demora, é assim mesmo”.

E tome espera!

 É difícil entender como as pessoas conseguem não resolver as coisas, já que corremos atrás das coisas e sempre procuramos resolver, porém, quando as coisas que estamos resolvendo tem que passar para que outras pessoas acabem de resolver, as coisas empacam!

Muitas vezes ainda, sabemos o que falta, sabemos como terminar, sabemos que um pequeno detalhe resolveria toda a questão, mas não podemos fazer nada, a não ser esperar, porque cabe aos outros terminarem aquilo que sabemos, mas vai demorar para concluírem.

Agora, o ápice da frustação é quando, após esperarmos uma eternidade para que uma resolução seja finalizada por uma empresa, instituição ou pessoa e finalmente poderemos resolver a demanda de uma vez por todas, percebemos que o pedido está incompleto ou completamente errado.

De duas, uma.

Ou começamos um tratamento antiestresse, com terapia ou à base de calmantes e enviamos todo o processo novamente para aquelas mesmas pessoas que fizeram errado, para que façam novamente (torcendo para que acertem dessa vez); ou nos tornamos estoicos, aceitando com racionalidade que aquilo que está fora de nosso alcance, não nos cabe ficar desesperados em tentar mudar ou controlar.

E tome espera!

RODRIGO ALVES DE CARVALHO nasceu em Jacutinga (MG). Jornalista, escritor e poeta, possui diversos prêmios em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas promovidas por editoras e órgãos literários.  Atualmente colabora com suas crônicas em conceituados jornais brasileiros e Blogs dedicados à literatura.

Em 2018, lançou seu primeiro livro intitulado “Contos Colhidos”, pela editora Clube de Autores. Trata-se de uma coletânea com contos e crônicas ficcionais, repleto de realismo fantástico e humor. Também pela editora Clube de Autores, em 2024, publicou o segundo livro: “Jacutinga em versos e lembranças” – coletânea de poemas que remetem à infância e juventude em Jacutinga, sua cidade natal, localiza no sul de Minas Gerais.

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