O ministro da Casa Civil Rui Costa (PT) sente saudade da Bahia. Na verdade, “muita saudade”, como ele mesmo confessou ao Política Livre durante o desfile do 2 de Julho, nesta terça-feira em Salvador.
“Ah, muita saudade. Isso aqui é inesquecível, esse calor humano é contagiante, o coração bate mais acelerado. Dá saudade. A Bahia tá dentro de mim e toda vez que eu venho aqui, ainda mais num evento como esse. O 2 de Julho é muito singular, né? É uma multidão aqui, cabe muito mais gente do que no 7 de Setembro. O povo é apaixonado por essa data, o baiano tem orgulho do 2 de Julho e a presença do presidente [Lula] ajuda a nacionalizar essa data”.
Ex-governador da Bahia, Rui acompanhou o cortejo presidencial, mas não subiu na caminhonete onde Lula desfilou ao lado da primeira-dama Janja da Silva, do governador Jerônimo Rodrigues (PT), da primeira-dama do Estado, Tatiana Veloso, do vice-governador Geraldo Júnior (MDB) e de sua vice na chapa que disputa a prefeitura de Salvador, Fabya Reis.
Pelo contrário, o “primeiro-ministro de Lula”, como é chamado na capital federal, andou pelas ruas de maneira discreta e acessível. Em Brasília, ele opera uma máquina muito maior do que a tinha nas mãos quando foi governador por oito anos, mas com pouca interação social.
“A diferença é que eu trabalho de 8h da manhã até 10h, 11h da noite, mas tenho pouco contato com a população, quando eu viajo raramente com o presidente. Como governador, você tem um contato mais cotidiano, então eu diria que é mais prazeroso quando você tem contato com as pessoas”, disse em entrevista ao Política Livre, enquanto seguia pela calçada e via o presidente Lula se aproximar na reta final de sua participação no ato desta desta.
Perguntado sobre se essa reflexão sobre proximidade popular o faz pensar em fazer um caminho em 2026 que volte a ter esse contato mais direto com as pessoas através de um mandato representativo, deixou a questão em aberto, sem esconder que está, sim, de olho na próxima rodada do jogo eleitoral.
“Tem tempo até lá para a gente pensar, conversar com o presidente. Eu faço política de forma coletiva. O que for o melhor para o nosso grupo, para o projeto nacional, estadual, eu farei”, respondeu.
Em junho do ano passado, uma declaração de Rui Costa provocou polêmica no noticiário de política nacional justamente por ele afirmar haver um distanciamento da capital federal com a vida real dos brasileiros. Na época, ele afirmou que Brasília é uma “ilha da fantasia” e que a escolha da cidade como capital do país “fez muito mal ao Brasil”.
“Era melhor ter ficado no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas ou para a Bahia. Para que quem fosse entrar num prédio daquele ou na Câmara dos Deputados ou no Senado, passasse numa favela, debaixo de um viaduto, com gente pedindo comida, gente desempregado. Porque ali as pessoas vivem numa ilha ilusória, numa bolha de fantasia”.
Depois da repercussão negativa, o ministro foi às redes sociais e disse “não ter sido feliz nas palavras”.
Política Livre/Foto: Política Livre