O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) enviou nesta segunda-feira (22) um ofício ao presidente Jair Bolsonaro (PL) pedindo informações sobre os custos totais envolvidos na vinda do coração de d. Pedro I ao Brasil.
O órgão foi recebido nesta segunda (22) em cerimônia no Ministério de Relações Exteriores e no Palácio do Planalto, em Brasília. O coração do imperador foi trazido para o país para as comemorações dos 200 anos da Independência e retornará ao solo português em 8 de setembro.
“Sem prejuízo da relevância das comemorações solenes ao bicentenário da independência, é preciso mais que nunca sinalizar sobriedade e comedimento nos gastos públicos, seja pelo estado de penúria econômica generalizada que o país atravessa […], seja pelo risco de abuso da máquina pública que ronda o uso político desta solenidade para fins de promoção pessoal em pleno calendário eleitoral”, diz o texto enviado ao chefe do Executivo.
Randolfe pede que Bolsonaro dê uma reposta em até cinco dias úteis, “sob pena do ajuizamento de ação cautelar de exibição de tais documentos no âmbito da Justiça Federal” para apurar eventuais excessos na gestão de recursos públicos ou no uso indevido da máquina estatal.
É a primeira vez que o coração do imperador deixa o país europeu em 187 anos. O transporte foi feito por uma aeronave VC-99 da FAB (Força Aérea Brasileira). O órgão está imerso em um vaso de vidro cheio de formol, que o tem conservado desde 1834.
A decisão de Portugal de emprestar o coração de dom Pedro I para as celebrações no Brasil foi tomada sob críticas de intelectuais de ambos os países.
A vinda da relíquia também é cercada de receios de que o presidente Bolsonaro use as comemorações do Bicentenário da Independência para reforçar insinuações golpistas.
Há também preocupações envolvendo a conservação do coração. Para evitar problemas, o órgão foi transportado em dispositivo pressurizado e a visitação ficará restrita.
A Câmara Municipal de Porto encomendou uma perícia técnica no coração antes de enviá-lo ao Brasil. Há também um esquema de segurança montado para o retorno do órgão.
O imperador d. Pedro I foi responsável por declarar a Independência do Brasil. Seus restos mortais estão sepultados na cripta imperial, no Parque da Independência, em São Paulo, e o coração é preservado na capela-mor da Igreja de Nossa Senhora da Lapa, em Porto.
Mônica Bergamo/Folhapress