Então eu comecei falando do que foi tudo isso, falei da chegada de algo entorno de 10.000 livros numa Carreta Mágica e Literária. De dentro dela saiu uma festa, pra dentro de uma festa que já se consolida pela energia de quem por aqui passa, passou e passará. Continuei falando ou querendo falar dessa mistura de ritmos e letras, de risos e sons, de páginas e páginas que percorreram minha cabeça nesses três dias de encantados, encantadas e encantades.
Logo na quinta eu disse que seria assim, quando Cavachão foi recepcionado pelas palavras de Max, Gil e Roberto, por uma encantoria dirigida por Rennan Mendes, junto com Nilton, Claudio, Débora e Lulu. Ainda disse de Veinho e ia continuar a dizer de Ana Barroso e João Sereno, quando a chuva veio em tons de irrigar e brotar mais frutos desse nosso sonho coletivo. E tome água, literalmente, água da boa, que molha, respinga e umidifica a alma, gera frutos, além da outra, que embriaga a noite.
O céu amanheceu na sexta encharcando a alma, abastecendo os açudes da nossa palavra e isso se fez ainda mais perto da lembrança do improvisado final da noite de quinta com Rennan, Sestrem, Marcelo, Dom e Felipe. Impossível não falar.
Com a água escorrendo pelas ruas, as atividades invadiram as salas de aula das escolas, com Zé Livrório, Giba Pedrosa e muitas histórias, nas mesas as palavras corriam e discorriam movimentos de resistência por um Brasil mais Brasil, Vozes mulheres, poesia e política, povos originários e toda ancestralidade. Com Luna, Sofia, Isadora, Gean, Arnaldo, Xico, Marcelino e Antônio Marinho. Um palco de trégua, com ódio vencido, de amor e de sabores, de amores em acordes diversos. Em versos de Mariana e Zecalu e outras novas vozes em Bianca e Letícia, abrindo o céu para um sábado sem chuva, onde a praça recebeu crianças de várias escolas com centenas de livros no ar.
Assim nós fomos, falando em letras de querer mais e a saudade já na porta das ingrisias e indagas com Bob Franciel, nos traços de Cau e Adelia, formando trios com oficinas de sons e letras com Letícia e Paulo. A poesia religiosa de José Erimateia sob o tom de Wesley na fala de Mirdad que viu nas fotografias, um Rui que Resende registra Heitor e os seus Pirilampos, nossa Pirilópolis em festa de Em Canto e Poesia e ainda mais.
Falamos de tanta gente que até cabe mais, e ainda mais falaremos por anos que nos guiarão a sorrir. Falamos pouco, posto que toda essa magia aguada pelas forças que nos unem, se agitam no ventre de uma Lore agora em trio, germinando outras duas almas de amor e competência, de toda a equipe Fliu, Ellen, Memé, Nykiel, Carol Rafael 1, Rafael 2 Bia, Junior, Ana e Raul, das parceiras Caboclas das ideias, dos parceiros e amigos, das viagens e momentos que se eternizaram nesses dias, 01, 02 e 03, 04, 05 e 06 que aqui ficarão para sempre na nossa memória.
Assim foi a terceira edição da FLIU, uma poesia em forma de festa, uma festa em forma de riso, um riso em jeito de sonho, um sonho que se realiza ainda mais, e salve os olhares parceiros, pelas mãos atentas de Leonardo, que assina por Marcos a movimentação de uma estrutura, aos cuidados de Marinho, Felipe e Manuel que fizeram do espaço o ambiente de cores e sons, Iluminando a nossa Carreta Literária, diretamente de Fortaleza pelo cuidado da Editora IMEPH, orquestrando livros e leituras com Lucinda e Clodoaldo. Tudo isso aqui no Sertão mais alegre daquela Canudos que por aqui em Uauá se representa nos traços de Manoel Neto e seus Cangaços.
Nada mais eu disse e nem poderia, apenas ouvir o que pela feira me falaram os passarinhos que revoavam a tarde nublada, dessa segunda-feira, cantando em falsetes o hino da vontade de abraçar meu povo e voltar de novo pra meu Uauá.
A Fliu Fluiu em nós, com a certeza de que ano que vem com o novo Brasil, fluirá ainda mais, cultura, mais versos, canções e muita, muita literatura.
Viva Uauá, Vida longa a Fliu. E até o próximo cortejo literário distribuindo livros e sonhos de tempos melhores.
Maviael Melo é poeta, cantador e um dos curadores da Fliu 2022.
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