Pais do bandido solto cria a preventiva perpetua (para alguns políticos)

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Os números a seguir são fornecidos pelo 15º Anuário Brasileiro de Segurança Pública e se referem a crimes notificados no ano de 2020:

50 mil homicídios,
320 mil veículos roubados,
60 mil estupros,
49 mil roubos de estabelecimentos comerciais,
62 mil pessoas desaparecidas,
um policial morto a cada 44 horas.

Esse é o Estado que supostamente “prende em demasia”, na opinião de alguns desmiolados desatentos ao fato de que tais crimes são cometidos por verdadeira multidão de bandidos soltos.

O mesmo país que contabiliza esses números constrangedores, liberta corruptos condenados e lhes franqueia o retorno à vida pública.  Não surpreende, portanto, que o Congresso Nacional – de olho na própria popa, se é que me faço entender – aprove leis para inibir a persecução criminal e se recuse a tornar viável a prisão dos réus mesmo após condenação em segunda instância.

O Estado brasileiro, rufião da sociedade, malgrado servi-la ao mundo crime em regime de copa franca, para ser assaltada e acossada de mil maneiras, instituiu o regime de preventiva perpétua para crimes que desagradem de modo particular a membros do Supremo Tribunal Federal.

No dia de ontem (13/12), foram mantidas as prisões de Roberto Jefferson e Zé Trovão. Do primeiro, se aguarda uma altamente improvável mansidão no falar. De ambos, se diz representarem um risco para as instituições democráticas. Os dois juntam-se ao deputado Daniel Silveira, em prisão domiciliar, também cautelarmente. Sendo seu carcereiro mais jovem do que eles e sabendo-se que nenhum deixará de ser como é, receio que vão morrer na preventiva.  

Enfim, o que vemos é o avesso das efetivas prioridades da população.  

Por Percival Puggina

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