Crônica: Soneca

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Num campo verde observo ao longe cadeias de montanhas alaranjadas pelo pôr do sol, enquanto um pequeno riacho corta a campina em direção às árvores onde pássaros azuis e amarelos cantam suavemente. Do céu, nuvens descem vagarosamente até onde estou e já não são mais nuvens, e sim algodões-doces de várias cores e sabores diferentes. Ao longe percebo a imagem de uma linda mulher se aproximando, reconheço sua silhueta e mesmo sem acreditar que possa ser quem penso, abro meus braços para acolhe-la com carinho quando…

“TRIMMM, TRIMMM, TRIMMM”

O barulho ensurdecedor de meu celular me acorda na melhor parte do sonho. Aquelas imagens doces e deliciosas somem de minha mente e o sacrificante levantar da cama, trocar de roupa e me preparar para mais um dia de trabalho acabam com toda alegria.

No mesmo momento em que o celular toca, deslizo o dedo na tela para a função “Soneca”.

Serão mais cinco minutos.

Se ao menos pudesse voltar ao sonho e poder abraçar a mulher que caminhava até mim. Se pelo menos esses cinco minutos pudessem se multiplicar por dez, vinte, trinta e novamente pudesse mergulhar nos melhores sonhos que parecem acontecer geralmente pouco antes de nossos celulares ou despertadores nos acordarem.

E quando o corpo e mente parecem relaxar de novo…

“TRIMMM, TRIMMM, TRIMM”

Mais uma vez toco a tela e deixo por mais cinco minutos.

Geralmente não faço isso e me levanto após os primeiros cinco minutos, mas a vontade de ficar na cama é avassaladora.

Porém, agora o sonho fica distante e o permanecer na cama é muito mais para adiar a árdua tarefa de levantar do que desejar sonhar novamente.

Todas as tarefas do dia começam a passar pela mente, cada passo que deverá ser dado durante o dia de trabalho e se tudo der certo, o que geralmente não acontece, pois, improvisos são certos todos os dias, tentamos amenizar nossos pensamentos de mais um dia imaginando a volta para casa e o descanso do final da tarde.

Nem levantamos da cama e já estamos pensando em voltar para ela.

“TRIMMM, TRIMMM, TRIMMM”

Não tem mais desculpas…

Desligo a função Soneca…

Conto até cinco…

E me levanto…

Por RODRIGO ALVES DE CARVALHO

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