2° dia de Protesto em Sento Sé: Comunidades reivindicam asfaltamento em estrada prejudicada por mineração

Cidades Juazeiro Sento-Se
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“Quando chove, atola, quando tá seco é uma poeira horrível”. A frase de Dona Maria Rosa Cruz, 59, define bem a situação que a população de comunidades ribeirinhas de Sento Sé (BA) tem vivido. Desde 2020, com o início do funcionamento da Tombador Iron Mineração, os/as moradores/as do território não têm mais um minuto de sossego. Faça sol ou chuva, todos dias, dezenas de carretas que transportam o minério de ferro da empresa passam pelo trecho da BA-210, que liga onze comunidades à sede do município, gerando inúmeros transtornos.

Poeira, buracos, falta de visibilidade na estrada, riscos de acidentes, animais mortos e sem acesso à caatinga e fontes de água. Esses são alguns dos problemas enfrentados pela população local. “Já passei momentos difíceis nessa estrada, de moto você não vê nada, quem tá vindo ou quem tá indo. Tá insuportável, não estamos aguentando mais”, desabafa Domingos Lima, 55, da comunidade Tombador de Cima.

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O grande fluxo de carretas da empresa de mineração já tem até interferido na renda e no jeito de viver das comunidades tradicionais. Seu Raimundo Nonato, 65, do Limoeiro, teve que se desfazer da sua criação de gado. “Minha roça é aqui na beira da estrada, fui obrigado a vender minha criação porque não tinha mais como eles beberem água, e eu fiquei sem nada. Só estamos sendo prejudicados”, comenta.

Cansadas dessa situação e com receio de que os problemas se agravem, as comunidades atingidas pela Tombador Iron Mineração iniciaram um protesto na manhã da última segunda-feira (30). Com dois pontos de ocupação na estrada, carretas e funcionários da empresa não conseguem trafegar pelo local há mais de 36 horas. O objetivo principal da manifestação é conseguir o asfaltamento da via, cerca de 100 quilômetros de extensão.

“Estamos sofrendo, não conseguimos mais fazer um trajeto com tranquilidade daqui pra Sento Sé. A luta é pela nossa melhora, estamos fazendo um protesto digno. Nós somos gente”, afirmou Marismar Vital, 39, pescadora da comunidade Aldeia.

Até o momento, as comunidades não receberam nenhum retorno sobre a reivindicação. Representantes da Prefeitura Municipal e da Secretaria de Infraestrutura do Estado estiveram no local. As Polícias Rodoviária Estadual e Militar também estiveram na ocupação na tarde de ontem. Na ocasião, tentaram intimidar e desmobilizar o protesto. No entanto, as comunidades seguem em manifestação até que a pauta seja atendida.

Texto e fotos: Comunicação CPT Juazeiro

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