Com prejuízos de R$ 80 milhões, produtores do Vale do São Francisco cobrem os pomares se protegendo das chuvas

Cidades Petrolina

Os produtores de frutas do Vale do São Francisco estão investindo alto na cobertura dos pomares e ampliação dos tratos culturais em função das fortes chuvas que caem na região desde o mês de outubro do ano passado e já provocaram um prejuízo estimado em R$ 80 milhões com a perda de mais de 30 mil toneladas de uvas de mesa e mangas.

Com a safra do 1º semestre de 2022 já comprometida em 80% e a previsão de mais chuvas até meados do mês de abril, os proprietários das fazendas produtoras de frutas, que somam mais de 2 mil fruticultores, somente em Petrolina – PE, enfrentam uma situação sem paralelo nos últimos 15 anos nesta região que produz com irrigação controlada e é considerada um dos principais produtores de uva e manga do Brasil.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina (SPR), Jailson Lira, os maiores investimentos estão sendo realizados pelos produtores de uva, considerada uma das frutas mais sensíveis às condições climáticas. O segmento ocupa hoje uma área de 12 mil hectares no Vale. “Com as chuvas prolongadas e precipitações que chegaram a 500 milímetros por semana, os produtores estão tendo que fazer um investimento que varia entre R$60 mil e R$80 mil por cada hectare de uva coberto com lonas plásticas. Um valor muito alto para pequenos e médios produtores”, ressaltou.

O presidente lembrou ainda que para minimizar os prejuízos o segmento está tendo que arcar também com um aumento de até 40% nos custos com tratos culturais a exemplo da limpeza dos cachos e pulverização dos parreirais em função de doenças provocadas por fungos como o Míldio. Lira já fez a cobertura de dois dos 40 hectares que possui no Núcleo 10 do projeto de irrigação Senador Nilo Coelho, após contabilizar um prejuízo de quase R$ 1 milhão com a perda de 250 toneladas da fruta.

Segundo o coordenador de produção da fazenda Frutos do Sol, Marcos Antônio, a propriedade, que também fica no projeto de irrigação Senador Nilo Coelho (Núcleo 5), perdeu, com as últimas chuvas, 600 toneladas de uvas das variedades Arra 15 e Vitória, o que representa um prejuízo de R$ 4 milhões.  “Fizemos a cobertura com as lonas plásticas de 11 dos 103 hectares implantados e estamos ampliando a proteção principalmente nas áreas que cultivamos as variedades menos resistentes às chuvas. De olho nas previsões meteorológicas da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), que indicam precipitações até o mês de abril, ampliamos ainda os investimentos em mão de obra e nos tratos culturais e fitossanitários nas mais diversas fases de produção da fruta”, pontuou.

Nas áreas de plantio de manga, os fruticultores do Vale também estão aumentando os cuidados visando minimizar as perdas com o aborto das flores, baixa produtividade e o atraso do cronograma de produção da fruta. Os produtores já contabilizaram prejuízos de R$ 27 milhões com a perda de 10 mil toneladas. Como reflexo já é esperado uma diminuição na comercialização com o mercado interno e nas exportações que ocorrem com mais força no segundo semestre.

O produtor e consultor de manga, Eduardo Ferraz, revelou que as fazendas estão enfrentando o problema com o aumento das pulverizações para o combate de pragas e doenças e a execução do serviço de drenagem e manutenção dos drenos de forma superficial e subterrânea.  Dono de uma área de 65 hectares no município de Cabrobó – PE, onde cultiva as variedades Kent, Palmer e Keitt, Ferraz, contabilizou um prejuízo em função das chuvas de R$ 300 mil com a perda de 150 toneladas da fruta, mas poderia ter sido pior. “Venho realizando investimentos com a drenagem da minha área desde a sua implantação. E agora com as chuvas só precisei ampliar o serviço em algumas partes, aumentando os cuidados, um pouco a cada dia, de olho nas floradas e colheitas futuras”, evidenciou.

Segundo o Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina, a produção de frutas no Vale do São Francisco gera 100 mil empregos diretos e movimenta cerca de R$ 2,21 bilhões nos mercados internos e externos. Terceiro maior produtor de frutas do mundo, a região exportou em 2021 cerca de 245 mil toneladas de mangas e 75,1 mil toneladas de uvas para os mercados norte-americano, europeu, países do Mercosul e Canadá. As culturas de manga e uva são responsáveis respectivamente por 96% e 99,9% das exportações de frutas brasileiras.

Clas Comunicação e Marketing / foto: divulgação

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