Até 2025, todas as barragens de rejeitos da Vale estarão aderentes

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Antes e depois da barragem 8B, em Nova Lima (MG), que foi a primeira a ser descaracterizada. — Foto: Divulgação

Até agosto de 2023, todas as estruturas classificadas com elevado potencial de danos às pessoas e ao meio ambiente estarão em conformidade com o GISTM.

A Vale assumiu o compromisso formal de adequar todas as suas 48 barragens de rejeitos (incluindo diques e empilhamentos drenados) nos negócios de Ferrosos e Metais Básicos no Brasil e no resto do mundo ao Padrão Global da Indústria para a Gestão de Rejeitos (GISTM, em inglês) até 2025. Neste mesmo ano, a empresa tem o objetivo de não ter mais barragens em nível de emergência 3 no Brasil.

Na prática, uma barragem de rejeitos completamente aderente ao GISTM significa que a estrutura teve sua fiscalização, monitoramento e a transparência das informações relativas a ela aprimorados. Além disso, a estrutura também passa a receber a avaliação contínua de auditorias e inspeções realizadas de forma independente. O objetivo principal do GISTM é garantir dano zero às pessoas ou ao meio ambiente em torno da barragem durante todo seu ciclo de vida, do projeto até seu fechamento.

O GISTM foi criado em 2020, a partir de uma iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) dos Princípios para o Investimento Responsável (PRI) e do Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM, em inglês), estabelecendo um novo marco para a segurança das barragens como o primeiro padrão global do setor. O Padrão classifica as barragens de rejeitos de acordo com o potencial de danos às pessoas e ao meio ambiente em caso de ruptura, a exemplo do que também faz a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB).

As rigorosas práticas internacionais do GISTM envolvem 77 requisitos relacionados à gestão de barragens de rejeitos em todo o ciclo de vida da estrutura, desde o projeto até o seu fechamento. Nele, há previsão de ações em áreas como: envolvimento das comunidades afetadas, direitos humanos, engenharia, governança, revisões técnicas, preparação para emergências e divulgação pública de dados sobre a segurança das barragens.

A adoção do GISTM faz parte de uma profunda transformação na gestão de barragens da Vale desde o rompimento da barragem em Brumadinho. Além disso, de 2019 para cá, uma das principais ações para evitar novas rupturas é a eliminação das barragens a montante. Já foram investidos R$ 5 bilhões no Programa de Descaracterização da mineradora. Das 30 estruturas que usam o método de construção com alteamentos a montante, nove já foram eliminadas (seis em Minas Gerais e três no Pará). Até o fim deste ano, mais três barragens têm conclusão prevista, quando a empresa completará 40% do seu Programa ou 12 de 30 estruturas completamente descaracterizadas e reintegradas ao meio ambiente.

Monitoramento por 24h e tecnologia aliada à segurança

A complexidade das obras que envolvem a eliminação das estruturas, levando em conta as características de cada uma e do material depositado em seus reservatórios, tem apoio da tecnologia. No caso das barragens em nível crítico, a solução foi trabalhar com equipamentos não tripulados, retirando os trabalhadores das áreas de risco.

Foram investidos cerca de R$ 82 milhões para desenvolver, junto a fornecedores, a tecnologia de operação remota. E é do Centro de Operações Remotas, na capital mineira, que os trabalhadores operam equipamentos – como tratores, escavadeiras e caminhões – com uma visão total da área e dos comandos das máquinas.

“É um trabalho pioneiro no mundo. E não servirá apenas para descaracterização de barragens. No futuro, poderemos usar essa tecnologia para outras atividades na operação, afastando riscos, reduzindo impactos e aumentando a segurança”, afirma o gerente Executivo de Engenharia de Barragens da Vale, Frank Pereira.

A tecnologia de operação remota já está em uso integralmente nas atividades de remoção dos rejeitos da barragem B3/B4, na Mina Mar Azul, em Nova Lima (MG), atualmente em nível de emergência 3. A estrutura já teve cerca de 40% dos rejeitos retirados e a meta é alcançar 50% até o final deste ano. A solução está sendo expandida para as operações de descaracterização das outras duas barragens da empresa nas mesmas condições: a Sul Superior, em Barão de Cocais (MG); e a Forquilhas III, em Itabirito (MG).

Equipamentos são operados remotamente no Centro de Operações Remotas — Foto: Divulgação

Equipamentos são operados remotamente no Centro de Operações Remotas — Foto: Divulgação

A tecnologia também é uma das grandes aliadas para o monitoramento das barragens da Vale. Hoje, a companhia conta com três modernos Centros de Monitoramento Geotécnico no Brasil, com atuação de 24 horas por dia, 7 dias por semana, para acompanhamento contínuo das estruturas. Além disso, o Sistema de Gestão de Rejeitos e Barragens (TDMS) da empresa prevê práticas de melhorias contínuas, além do acompanhamento externo permanente das condições de cada barramento e da realização do monitoramento por equipes operacionais com profissionais experientes em comportamento de rejeitos de mineração.

Um futuro com soluções sustentáveis

Buscar saídas para que haja, no futuro, a redução da necessidade de barragens é uma das apostas da Vale. O processamento a seco do minério de ferro, sem uso de água e sem a geração de rejeitos, vem crescendo nas operações da empresa. Em 2021, o beneficiamento a umidade natural, método que dispensa o uso de água na concentração do minério e não tem impacto em barragens, representou 70% da produção da Vale no Brasil.

A empresa também vem ampliando o empilhamento dos rejeitos em estado sólido, reduzindo a disposição em barragens. Foram instaladas quatro plantas de filtragem de rejeitos em operações de Minas Gerais, com investimentos de R$ 6,2 bilhões entre 2019 e 2022.

Outra solução é reaproveitar parte do rejeito que seria descartado em barragens na produção de Areia Sustentável, que vai para a construção civil, pavimentação de ruas e estradas e fabricação de blocos. “Essa estratégia de desenvolvimento de coprodutos, a partir do tratamento do rejeito, incentiva a economia circular dentro das nossas operações e a perspectiva é que essa tendência ocupe um espaço importante da nossa agenda no futuro”, complementa André Vilhena, gerente de Novos Negócios da Vale.

Na mina Viga, em Congonhas (MG), esse processo já está em escala industrial e tem capacidade para processar 200 mil toneladas do insumo por ano. Em São Gonçalo do Rio Abaixo (MG), a mina Brucutu processou 250 mil toneladas do material no ano passado. Em 2022, a Vale projeta fabricar 1 milhão de toneladas de Areia Sustentável e, em 2023, dobrar o volume. Cada tonelada de areia representa uma tonelada a menos de rejeito sendo disposta em pilhas ou barragens.

Obtida no tratamento dos rejeitos de minério de ferro das operações na mina Viga, a areia sustentável pode substituir a areia natural extraída de leitos de rios — Foto: Divulgação

Obtida no tratamento dos rejeitos de minério de ferro das operações na mina Viga, a areia sustentável pode substituir a areia natural extraída de leitos de rios — Foto: Divulgação

Há, ainda, outro caminho sustentável para o rejeito. Desde 2020, a Fábrica de Blocos instalada na mina do Pico, no município de Itabirito (MG), operada exclusivamente por mulheres, faz blocos e pisos para a construção civil, usando como matéria-prima principal o rejeito da atividade de mineração. A planta tem a cooperação técnica do Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET-MG) para o desenvolvimento dos produtos.

Na Fábrica de Blocos, a operação é 100% feminina.  — Foto: Divulgação

Na Fábrica de Blocos, a operação é 100% feminina. — Foto: Divulgação

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