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Caixa Econômica inicia o pagamento do saque emergencial do FGTS

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A Caixa Econômica Federal deu início nesta segunda-feira (29/6) ao pagamento do saque emergencial do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Foram mais de R$ 3,1 bilhões pagos aos trabalhadores nascidos em janeiro, cerca de 5 milhões de brasileiros. A ação segue a MP 946/20 e contemplará, ao todo, 60 milhões de pessoas. Ainda de acordo com as informações da Caixa, com a medida, mais de R$ 37,8 bilhões serão injetados na economia. 

O valor que será repassado é de até R$ 1.045. O pagamento do saque emergencial do FGTS será feito por meio de crédito em Conta Poupança Social Digital — que será aberta automaticamente pela Caixa, em nome do trabalhador beneficiado. 
 
O calendário dos pagamentos foi estabelecido com base na data de nascimento dos trabalhadores. O crédito começa pelos nascidos em janeiro e seguem semanalmente. Em um primeiro momento, os trabalhadores podem usar a quantia em transações eletrônicas pelo aplicativo Caixa Tem. A partir do dia 25 de julho, também seguindo o modelo semanal e de acordo com a data de nascimento, os trabalhadores poderão sacar a quantia. 
 
Após a data do crédito dos valores na Conta Poupança Social Digital o trabalhador poderá pedir para que a operação seja desfeita. Caso essa solicitação  de desfazimento do crédito seja feita ou o trabalhador não movimente a conta poupança até o dia 30 de novembro, os valores serão devolvidos à conta FGTS, com a remuneração do período. 
 
A Caixa Econômica ainda alerta que não envia mensagens com solicitação de senhas, informações pessoais e dados. Assim como não pede confirmação de dispositivo ou acesso à conta por e-mail, SMS ou WhatsApp nem envia links. 
 
Para mais informações sobre o saque emergencial, os seguintes canais de atendimento podem ser usados: fgts.caixa.gov.br, Telefone 111 – opção 2, Internet Banking Caixa e o APP FGTS.
 
Correio/(foto: Divulgação/Prefeitura de Iúna)
 
 
 
 

Governo vai pagar mais duas parcelas de R$ 600 em três meses, diz Guedes

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A prorrogação do auxílio emergencial será feita por meio de um decreto. Com isso, o valor do benefício será mantido em R$ 600. Porém, o governo de Jair Bolsonaro prepara uma estratégia para que as duas próximas parcelas sejam pagas ao longo de três meses.

Os detalhes da prorrogação do auxílio emergencial serão apresentados pelo presidente Jair Bolsonaro em cerimônia convocada para a tarde desta terça-feira (30/6) no Palácio do Planalto. Contudo, foram parcialmente antecipados pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em audiência pública realizada pelo Congresso Nacional nesta manhã.

"O objetivo é respeitar o espírito da lei. Pagar R$ 600 num mês e R$ 600 no outro. Só que vamos conseguir com que haja a cobertura de três meses. Vocês vão ver a solução, espero que compreendam e nos ajudem", disse Guedes, ao ser questionado sobre a prorrogação do benefício pelos parlamentares.

"Vamos realmente fazer três meses de cobertura, com dois pagamentos num mês. Há uma solução para esse problema", acrescentou o ministro, que deixou para o presidente Jair Bolsonaro o anúncio dessa solução.

Curva de contágio

Guedes argumentou que o governo quer prorrogar o auxílio emergencial por três meses, porque entende que esse será o tempo em que a curva de contágio do coronavírus continuará elevada no Brasil, reduzindo o nível de atividade econômica do país. Porém, não tem orçamento para pagar R$ 600 para mais de 64 milhões de brasileiros, como faz hoje, por muito mais tempo. "Não sei se conseguimos R$ 50 bilhões por mês nos três meses", afirmou.

O ministro reconheceu, contudo, que, para fazer uma redução gradual do valor do auxílio, como havia sugerido o presidente Jair Bolsonaro, seria necessário mandar um novo projeto de lei para o Congresso, que já se mostrou contrário à redução do benefício. Por isso, disse que a solução encontrada pelo Executivo foi fazer essa prorrogação por decreto e estender o prazo de pagamento de cada parcela. Afinal, a lei que criou o auxílio emergencial permite que o governo estenda o pagamento dos R$ 600 via decreto.

"É por decreto, porque se entrar na Câmara são mais 15, 20 dias, sobe para o Senado, volta. Então, é melhor por decreto. Mas, da mesma forma, queremos que haja uma cobertura por três meses. É aquele dilema: ou dá um valor muito alto por menos tempo ou dá um valor mais alto e estica um pouco", revelou Guedes.

Ele pediu, então, compreensão dos parlamentares, que reforçaram o pleito pela manutenção dos R$ 600 na audiência pública desta terça-feira.

"Os senhores são pessoas lúcidas, sofisticadas, os senhores sabem que, se gasta gasolina demais, o tanque esvazia mais rápido. Então, programas que poderiam se estender por mais tempo acabam pressionando fiscalmente e você tem que ceder. Em vez de botar R$ 600, de repente tem botar um número um pouco mais baixo para poder alongar mais. Se quer cobrir mais três meses ou quatro meses, tem que pagar um número um pouco menor porque se não o país estoura", acrescentou Guedes.

Segundo os cálculos da equipe econômica, o pacote de enfrentamento à covid-19 já custa cerca de R$ 1 trilhão. E R$ 151 bilhões desse montante são das três primeiras parcelas dos R$ 600. Com a prorrogação, o orçamento do auxílio emergencial ainda deve se elevar em aproximadamente mais R$ 100 bilhões.

Braziliense/(foto: Marcos Correa/PR)

Ministro da Educação, Decotelli entrega carta de demissão a presidente Bolsonaro

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O ministro da Educação, Carlos Decotelli, acaba de entregar sua carta de demissão ao presidente Jair Bolsonaro, com quem está reunido agora à tarde, informou a GloboNews.

Decotelli causou polêmica nos corredores do Planalto, após vazar a informação de que ele teria colocado informações inconsistentes em seu currículo. Também pesa sobre o ministro, acusações de plágio na dissertação de mestrado.

Politica Livre

Há quatro décadas, Brasil recebeu pela primeira vez a visita de um papa

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Há exatamente 40 anos, o Brasil recebeu pela primeira vez a visita de um papa.

O protagonista foi o polonês Karol Wojtyla, o papa João Paulo 2º, que então chefiava a Igreja Católica havia um ano e dez meses. E a estreia no país, que tinha 89% da população como cristã católica, segundo censo de 1980, foi grandiosa.

Ao longo dos 12 dias em que esteve no Brasil, o papa mobilizou ao menos meio milhão de pessoas em cada uma das 13 cidades que visitou: Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Aparecida, Porto Alegre, Curitiba, Manaus, Recife, Salvador, Belém, Teresina e Fortaleza.

Tudo começou em 30 de junho de 1980, ao desembarcar em Brasília, quando o pontífice fez seu gesto característico ao beijar o solo brasileiro. Recebido pelo presidente João Batista Figueiredo, João Paulo 2º deixou uma marca por onde passou.

Ele afagou nomes perseguidos pela ditadura militar, como dom Hélder Câmara, visitou presídio, hospital, favelas —até doou o anel pontifical ao padre Italo Coelho (pastoral das favelas), que foi levado à Catedral de São Sebastião e, depois, roubado.

Também deu voz aos fieis, como no momento em que leu faixa com a inscrição “Santo padre, o povo passa fome” e afirmou, em Teresina: “Pai Nosso, o povo passa fome”.

João Paulo 2º também recebeu Luiz Inácio Lula da Silva, à época sindicalista, em São Paulo.

“Tinha um pessoal do Exército que, na época, fazia a segurança do papa. Criou-se uma confusão tremenda, chovia muito. Marisa, eu e meu filho, Marcos, na rua, esperando que houvesse a decisão de nos deixar entrar. E o Frei Betto tentava ajudar, d. Paulo [Evaristo Arns] também, e nós ficamos esperando quase três horas até chegarmos a ter um encontro com o papa”, disse Lula, em 2005, quando da morte do papa.

Por outro lado, João Paulo 2º manteve as rédeas curtas da Igreja Católica , ao pregar aos bispos contra a radicalização ideológica, pela fidelidade contra o aborto e pelo veto a tudo o que se parecesse com partidarismo político.

Como a Folha publicou em um editorial, “nenhuma visita foi tão anunciada e nenhuma foi aguardada tanto” no país, carente naqueles dias de uma liderança serena e confiável.

Se ajudou a coroar a beatificação do jesuíta José de Anchieta (João Paulo 2º o tornou beato em 22 de junho de 1980) e teve momentos sublimes, como o encontro com Irmã Dulce, a visita marcou a morte de três pessoas —Violeta Maria de Abreu, uma jovem de apenas 17 anos, com o pescoço quebrado, Maria de Lourdes Farias, por asfixia, e Teresa Olivânia de Oliveira, por afundamento de tórax. O papa lamentou as mortes.

A passagem do pontífice pelo país também deixou cem feridos em Fortaleza, após uma multidão quebrar o portão do estádio Castelão, provocar corre-corre e prensar os fieis.

João Paulo viu em certos momentos, como no estádio do Morumbi, em São Paulo, a visita ganhar ares de luta pela democracia e prometeu voltar. “Eu disse que era hora de dizer adeus. Mas não: digo-vos apenas até breve. E, pensando bem, digo: até logo. Até logo, se Deus quiser.

A volta foi rápida, já que em 1982 ele discursou no aeroporto do Galeão, no Rio, em escala de viagem para a Argentina.

Mas uma nova visita, como a de 1980, demorou 11 anos, com João Paulo já mais debilitado, e o Brasil, como contou o jornalista Clóvis Rossi na Folha, já não tão católico e com pior cenário econômico —o Brasil ficou 4% mais pobre em relação a 1980, e os católicos agora eram 83,3% da população, segundo o censo.

João Paulo 2º ainda veio em 1997 ao que Nelson Rodrigues antecipara que seria “o maior país de ex-católicos do mundo” —no final dos anos 90, os católicos no Brasil eram 73,8%.

Folha de S.Paulo/Foto: Divulgação

Acordo com Senado abre espaço para que deputados votem adiamento das eleições

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Um acordo costurado pelos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, abriu espaço para que os deputados aprovem a proposta de adiamento das eleições tal como encaminhada pelos senadores. O texto que saiu do Senado prevê que o primeiro turno seja adido para o dia 15 de novembro e o segundo turno ocorra em 29 do mesmo mês. 

Pelo acordo costurado com os líderes das duas casas, o Senado aprovará o projeto de autoria do senador Jorginho Mello (PL-SC) que prevê a retomada da propaganda partidária. A proposta regulamenta o chamado “horário gratuito” e estabelece a propaganda partidária gratuita de rádio e televisão com inserções de trinta segundos no intervalo da programação nacional. 

Com esse projeto aprovado, os deputados então se comprometem a aprovar a proposta de emenda à Constituição do adiamento das eleições ainda na sessão de terça-feira (30), ou na sessão de quarta-feira (1º). 

Além da retomada da propaganda partidária, o acerto entre Câmara e Senado envolve o reforço à ajuda financeira a prefeitos. O plano é que eles sejam beneficiados, com socorro financeiro prorrogado até o fim deste ano. A ideia é alterar as regras ao apreciar a medida provisória 938, editada para definir os critérios do socorro a estados e municípios.

O acordo entre as duas Casas prevê que os senadores irão manter as mudanças feitas pelos deputados, permitindo que cerca de R$ 5 bilhões a mais sejam distribuídos para os prefeitos.

O reforço na ajuda financeira a municípios foi colocado na mesa pelos partidos de centro como essencial para que o adiamento das eleições fosse aprovado. Eles argumentavam que a pressão dos prefeitos, que advogavam pela manutenção da data atual do pleito, inviabilizaria a votação. 

Os partidos do chamado “Centrão” vinham se posicionando contra a alteração do calendário eleitoral.

Fonte: CNN Brasil

Projeto de Lei deve criar Plano de retomada das atividades após a pandemia

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Desde que foi reconhecido o estado de calamidade pública, o Brasil tenta definir a melhor maneira de retomar as atividades econômicas em meio à pandemia do novo coronavírus. E para fazer isso de maneira padronizada e com aval de especialistas, foi apresentado na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 2430/20, que institui o “Plano Protege Brasil em Defesa da Vida”. O PL já está sendo apreciado e se for aprovado no plenário, cria regras para o retorno gradual e seguro das atividades em todas as áreas. 

O texto que tramita na Câmara deve estabelecer marcos seguros para a transição gradual entre as medidas de isolamento necessárias ao controle da doença e o retorno das atividades sociais e econômicas sem se esquecer, claro, de proteger a vida da população, principalmente a mais vulnerável.

O deputado federal, Alexandre Padilha, autor da proposta, explica que foram observadas situações diversas em vários países, como os Estados Unidos, o que dá base para mais acertos.

“O Governo Federal, governos estaduais, municipais e empresários não têm o direito de repetir no Brasil os mesmos erros cometidos por alguns países e regiões no hemisfério Norte. A grande vantagem do Brasil é que o outono e inverno ocorre depois dos países do hemisfério Norte. Podemos aprender o que deu certo e o que deu errado”, aponta o parlamentar. “A ideia central do Plano Protege Brasil em Defesa da Vida é estabelecer uma barreira para ideias genocidas de reabertura da atividade econômica em meio a um pico de progressão da doença.”

Padilha explica que vários países construíram parâmetros nacionais para que regionalmente cada governo local estabelecesse seu processo de reabertura das atividades econômicas. Para ele, o importante agora é o Brasil traçar um planejamento que execute isso de forma segura, para que não aconteça o efeito sanfona, com um ciclo de abertura e fechamento das atividades.

“A pior coisa que pode acontecer é um processo de reabertura sem planejamento, porque além de afetar a vida ele vai afetar a economia. Na medida que esse efeito sanfona desorganizado que estamos vivendo acontece, os atores econômicos não sabem no que acreditar e se podem, mesmo, planejar com segurança o retorno”, aponta Padilha.

Comitê

O PL cria o Comitê Nacional de Especialistas em Saúde para Combate à Pandemia da Covid-19, com a finalidade de assessorar os governantes de todos os entes federados na adoção de medidas para prevenção, controle e contenção de riscos, danos e agravos à saúde pública. A ideia é que o retorno não cause impacto na estrutura de atendimento da saúde pública. Isso porque foi observado que processos precipitados de reabertura levaram ao aumento de casos e, consequentemente, a uma maior pressão sobre a rede hospitalar do SUS.

O comitê seria presidido pelo ministro da Saúde e teria 27 integrantes não remunerados, todos eles “especialistas reconhecidos pela comunidade científica, de renome nacional e internacional, reputação ilibada e reconhecidos trabalhos em prol da sociedade”. Neste grupo haverá membros indicados pela Presidência da República, pelo MCTI, pela Câmara dos Deputados, pelo Senado, e pelo Supremo Tribunal Federal. Além disso, é possível ter a presença de representantes de entidades.

Padilha explica que além do Comitê Nacional, cada estado deverá montar seu próprio comitê, uma vez que os parâmetros são nacionais, mas as decisões e execuções serão realizadas de acordo com a realidade de cada região.
“Para participar desse processo de reabertura, a região, o estado, tem de ter um comitê de especialistas formado, definido, que acompanhe os processos, que defina parâmetros, como por exemplo o percentual de lotação dos hospitais ou quais as questões para reabertura rápida de leitos hospitalares”, ressalta.

Queda sustentada de casos

O projeto é baseado em marcos seguros que precisam ser alcançados antes da determinação de qualquer reabertura das atividades econômicas. Padilha destaca que uma das principais questões de ordem técnica é a observação de que há, comprovadamente, uma diminuição de casos da Covid-19 na região. Ou seja, só há liberação se o ente federado registrar queda significativa e constante durante duas semanas.

“Nós estamos aprendendo com o que o mundo fez. Nenhum país autorizou a abertura de uma região da atividade econômica sem 14 dias de redução, ou seja, de queda sustentada de casos confirmados e casos suspeitos. Incluindo casos suspeitos porque o Brasil é um país que faz pouca testagem”, explica.

A preocupação com a ocupação hospitalar e a capacidade de rápida instalação de novos leitos de UTI são outros parâmetros a serem seguidos. A porcentagem de ocupação máxima das unidades para determinar a reabertura das atividades será indicada pelo comitê local, já que cada região possui sua particularidade.

“Os critérios serão nacionais, mas a decisão de execução é regional”, ressalta Padilha. “Não pode ser nem um município isolado nem um estado inteiro pensando de forma igual. Tem uma diversidade regional no estado, mas também não pode ser decisão isolada em um município porque a rede de saúde não é restrita ao município. Muitas vezes o município toma uma decisão de abertura e quando precisa de atendimento busca a rede de um outro município.”

Hemerson Luz, médico infectologista do Hospital das Forças Armadas em Brasília, explica que as curvas de infecção e comportamento da doença são diferentes em cada região do Brasil e isso precisa ser levado em conta, principalmente agora em que a pandemia tende a diminuir e que os setores começam a se organizar para a reabertura das atividades. 

“Na verdade faltava uma iniciativa como essa, tendo em vista como a pandemia está se manifestando no mundo todo, com a diminuição dos casos. E isso vai ocorrer no Brasil. Esse Plano é importante para considerar quais os setores que podem voltar e de que forma eles vão atuar.” 

Transparência

Para que o “Plano Protege Brasil em Defesa da Vida” seja executado com eficiência, os entes federados precisarão dar transparência total aos dados. Além de atualizar os dados epidemiológicos e de ocupação hospitalar, é preciso que cada um seja preciso quanto às regras para a reabertura de cada atividade econômica, com parâmetros bem específicos para empresários e trabalhadores.

A expectativa é de que o Projeto de Lei seja levado ao plenário da Câmara dos Deputados até a próxima semana para votação.

Fonte: Brasil61
 

Cientista desenvolve estudo sobre Covid-19 na Bahia

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Projeto propõe diagnóstico molecular que identifique simultaneamente a Covid-19 e outros vírus como Influenza A e B.

Foi no Laboratório de Virologia do Instituto de Ciências da Saúde, da Universidade Federal da Bahia (Ufba), que a PhD em virologia, Silvia Sardi, junto ao professor Gúbio Campos, esteve à frente de identificar vírus até então desconhecidos como Norovírus, Bocavírus e Zika vírus. Em busca de oferecer um diagnóstico mais preciso e auxiliar as autoridades sanitárias, ela lidera um projeto para criar um meio de detectar o Coronavírus, junto a outras doenças respiratórias simultaneamente. “Observamos que muitos casos não eram Covid-19 e o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) precisa testar outros vírus respiratórios para definir um diagnóstico. No nosso trabalho, além de identificar se o paciente testa positivo ou não para Coronavírus, também diagnosticamos qual doença o atinge”, afirma Silvia.

Ela ressalta que os vírus respiratórios são os que mais afetam a população hoje em dia, mas é preciso saber o tipo de cepa viral, ou seja, a qual linhagem ele pertence - no caso do Coronavírus, o mesmo está enquadrado na SARS-CoV-2 – para saber qual vírus circula no estado. “Um outro objetivo do estudo é contribuir para definir uma possível vacina junto a outros pesquisadores do Brasil e até mesmo avaliar se a vacina proposta tem cobertura para a nossa região”, destaca ao reiterar que desconhece outros grupos de pesquisa na Bahia que estudem o tema de maneira similar. “A colaboração é fundamental na ciência, por isso estamos trabalhando com outros pesquisadores que estudam o assunto. Somos conhecidos no ambiente científico por sermos abertos a colaborações, pois ao fazer uso de recursos públicos, precisamos estar abertos em prol de colaborar com a saúde pública”.

De acordo com Silvia, ao diagnosticar Covid-19 e outros vírus respiratórios em uma única testagem, torna-se mais viável definir o tratamento imediato ao paciente. “Queremos também responder outras perguntas sobre a resposta inflamatória que se desencadeia no indivíduo infectado. Essa abordagem multidisciplinar faz com que nossa pesquisa abranja o tema da maneira mais completa possível, a fim de entender melhor sobre os aspectos imunológicos”, disse. A equipe completa é integrada também pelos professores Rejane Hughes, Luis Pacheco, Eric Aguiar e a Carina Pinheiro.

O trabalho está em fase inicial e recentemente foi aprovado no edital da Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb) com foco em apoiar pesquisas voltadas ao estudo do Coronavírus. “Agradecemos a confiança depositada em nosso trabalho por parte dos órgãos da saúde. Acreditamos que a confiança surge por estes 20 anos de atuação com responsabilidade e dedicação à virologia humana, sempre abertos a colaborar com a comunidade científica e a população em geral”, conclui.

Bahia Faz Ciência

A Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e a Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb) estrearam, no dia 8 de julho, o Bahia Faz Ciência, uma série de reportagens sobre como pesquisadores e cientistas baianos desenvolvem trabalhos em ciência, tecnologia e inovação de forma a contribuir com a melhoria de vida da população em temas importantes como saúde, educação, segurança, dentre outros. As matérias serão divulgadas semanalmente, sempre às segundas-feiras, para a mídia baiana, e estarão disponíveis no site e redes sociais da Secretaria. Se você conhece algum assunto que poderia virar pauta deste projeto, as recomendações podem ser feitas através do e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.


Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação
Assessoria de Comunicação
Coordenador Erick Issa

Governadores pedem mais coordenação do Governo Federal no combate à Covid-19

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A comissão mista que acompanha as ações do Governo Federal no combate à Covid-19 recebeu governadores em audiência remota para ouvir sobre os impactos das medidas de combate ao coronavírus e as dificuldades que estados e municípios têm enfrentado. 

Os chefes dos Executivos estaduais foram recebidos na condição de representantes dos consórcios regionais, criados há cinco anos, quando as unidades da Federação passavam por situação de calamidade fiscal. 

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), reconheceu a importância do recurso financeiro destinado ao estado capixaba em junho (R$ 936 milhões), mas pediu mais coordenação do governo nas ações contra a Covid-19.

“Os repasses de recursos é uma boa ação do governo federal, na área de saúde. Na área geral da ação do enfrentamento à pandemia, nós governadores, sentimos muito ausência e coordenação nacional do governo. Poderia estar em uma coordenação mais ampla, geral, de orientação e de palavras na mesma direção de governadores e diversos prefeitos”, afirmou Casagrande, que integra o consórcio das regiões Sul e Sudeste. 

O governador do Mato Grosso e presidente do consórcio da região central do Brasil, Mauro Mendes (DEM), seguiu a mesma linha de pensamento de Casagrande.  Mendes também criticou a troca de ministros na pasta da Saúde. 

“O governo federal faz esforço, mas dinheiro não é tudo. Precisamos de uma articulação mais presente e mais próxima, uma liderança para o país. A interinidade do atual ministro da Saúde, por exemplo, gera instabilidade”, avaliou o governador. 

Diálogo

O senador Espiridião Amin (PP-SC) defendeu que governadores e prefeitos devem trabalhar para obtenção de um diálogo construtivo, já que, na avaliação do parlamentar, o problema de integração não está relacionado apenas ao governo federal e estados.

“Já imaginaram se cada prefeitura tivesse que comprar a vacina contra o H1N1? Se não fosse adquirida pelo Ministério da Saúde? Quero me familiarizar com esse esforço que pode ser simplificado e respeitar a autonomia. Quero oferecer minha solidariedade e sugerir que os governadores se reúnam para o diálogo construtivo com os próprios prefeitos. Há muitos antagonismos: entre prefeitos, entre prefeitos e as unidades federadas e a própria União”, afirmou o senador. 

O presidente da comissão mista, senador Confúcio Moura (MDB-RO) afirmou que a próxima reunião está marcada para o dia 30 de junho, às 10 horas da manhã. Senadores e deputados pretendem ouvir demandas de prefeitos. 

Agencia do Rádio

Neil Howe, o historiador que previu uma grave crise em 2020 e adverte sobre período perigoso da História

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Há mais de 20 anos, Neil Howe previu que os Estados Unidos viveriam uma crise que chegaria a seu clímax no ano de 2020. Sua previsão não foi feita olhando para uma bola de cristal mas sim com base em uma polêmica teoria que esse historiador, economista e demógrafo desenvolveu na década de 1990 junto a seu colega William Strauss.

Estudando a história dos Estados Unidos a partir de 1584, esses autores encontraram uma série de padrões que lhes permitiram explicar a evolução histórica americana a partir de mudanças geracionais. O resultado culminou no livro Generations (Gerações), de 1991, que deixou uma herança duradoura em personalidades tão díspares como o ex-presidente americano Bill Clinton e o ex-chefe de estratégia e antigo homem de confiança de Donald Trump, Steve Bannon.

Seis anos depois, Howe e Strauss - que também são responsáveis de haver cunhado o termo "geração milenial" para se referir aos nascidos a partir de 1982 - publicaram outro livro, The Fourth Turning (A Quarta Virada), em que eles expandem suas teorias. No livro eles defendiam que a história americana (e de outros países desenvolvidos) avança em ciclos de quatro mudanças geracionais recorrentes que levam a uma crise de grande magnitude a cada 80-90 anos. Foi o que aconteceu durante a Guerra Civil, a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial.

Esses autores disseram literalmente que "o inverno está chegando" e anunciaram uma crise com clímax previsto para 2020. Howe, que trabalha como chefe de democracia da consultora Hedgeye Risk Management, conversou com a BBC Mundo, o serviço em língua espanhola da BBC, sobre suas previsões no contexto da crise do coronavírus.

Abaixo, segue uma versão resumida da conversa.

BBC - Em seus livros você prevê que em algum momento de 2020 os Estados Unidos teriam uma grande crise comparável com a Independência ou a Guerra Civil. Esta pandemia de coronavírus é parecida com essa crise que você esperava?

Neil Howe - O que sugerimos é que a história, não só dos Estados Unidos como também de muitas outras partes do mundo, sofre o impulso de um ciclo de gerações que se repete. É quase como as estações do ano. Cada período dura aproximadamente uma geração, uns 20, 22 ou 23 anos, mais ou menos.

Cada quatro destes períodos - o que chamamos de Quarta Virada - acontece aproximadamente entre 80 e 90 anos depois do começo dos primeiros três.

Isso realmente se alinha muito bem com as grandes crises cívicas recorrentes na história dos Estados Unidos: a Revolução Gloriosa, a Revolução Americana, a Guerra Civil, a Segunda Guerra Mundial e a Grande Depressão.

E agora estamos aqui de novo.

Na década de 1990, dizíamos que estávamos no que chamamos de Terceira Virada, um período de grande individualismo que chegaria ao seu fim em algum momento da primeira década do século 21.

E que se isso acontecesse até aproximadamente 2010, o novo ciclo provavelmente duraria até 2030 e seria uma era de crise que duraria uma geração, um pouco como o New Deal e a Segunda Guerra Mundial, que realmente começou no final dos anos 1920 indo até o final da década de 1940.

Nós sugerimos que a parte mais agitada desta era começaria na década de 2020. Então, um ponto crítico de inflexão seria o ano de 2020.

Agora, pela nossa forma de ver o futuro, a Quarta Virada provavelmente começou com a grande crise financeira e a Grande Recessão, que começaram em 2008 e 2009.

Então ocorreram grandes mudanças na atitude das pessoas nos Estados Unidos, como o (a ideia de) globalismo, a desigualdade de renda e o populismo, etc.

Acredito que esse é o começo da segunda metade desta era, que é o ano de 2020. E como acontece, a crise do confinamento pela pandemia coincide perfeitamente com o começo do clímax desta era.

Então, 2020 é a segunda década da era da crise, em que ocorre a maior parte da ação.

BBC - Vocês falam de quatro tipos distintos de gerações. Pode explicar essa ideia?

Howe - Há quatro tipos diferentes de gerações, o que chamamos de arquétipos. Um para cada virada ou era, que são esses períodos que duram uns 20 anos.

A Primeira Virada se parece mais com a primavera, e é uma era posterior à crise. Nos Estados Unidos isso aconteceu desde a metade da década de 1940 até o começo dos anos 1960.

Foi um período de instituições fortes e um grande sentido de progresso nacional. Um momento em que o individualismo, os inconformistas e até as minorias étnicas raciais eram deixados de lado. Uma era de grande cultura majoritária. E isso foi típico de uma era posterior à crise.

A Segunda Virada é um despertar. É como o verão.

É um momento em que, especialmente pela nova geração nascida depois da última crise, todos querem se desfazer das obrigações sociais e redescobrir a sua individualidade, eu próprio sentido de paixão.

São períodos de agitação, muito criativos e de transformação da cultura, nos valores e no religioso, como ocorreu nos anos 60 e 70.

A Terceira Virada toma lições do recente despertar sobre a necessidade de se consentir ao indivíduo.

Nos Estados Unidos isso começou no princípio dos anos 80 e durou até o começo dos anos 2000. Começou com o início da revolução Reagan: menos impostos, menos regulação, mais tolerância com a desigualdade maior e com as diferenças entre os indivíduos, e menos ênfase na coesão social.

As décadas da Terceira Virada, com as de 1980, 1920 ou 1850, são períodos de cinismo e maus modos. As pessoas vivem suas vidas da forma que querem, independentemente da comunidade. Todos estamos orgulhosos de nós mesmos como indivíduos, mas estamos muito desanimados com respeito a nossa identidade cívica.

A Quarta Virada é um período de crise política e social, quando nos reinventamos civicamente e renascemos como comunidade nacional.

De alguma forma nefasta, diria que até agora nos Estados Unidos estes sempre foram períodos de guerra total. Todas as guerras totais nos Estados Unidos aconteceram na Quarta Virada. E em cada Quarta Virada tem havido conflitos.

Não prevejo que vá ocorrer uma guerra total, mas acredito sim que a guerra expresse ou reflita parte da urgência comunitária que tipicamente vemos nestas crises: o populismo se fortalece, a comunidade começa a exigir muito mais de seus cidadãos, as liberdades individuais se enfraquecem.

Essas coisas acontecem durante esses períodos que, com certeza, não ocorrem só nos Estados Unidos.

Esse novo crescimento do populismo e do autoritarismo se produz em grande parte do mundo: em partes da Europa e, particularmente, no Leste da Europa; no sul e no leste da Ásia.

Se você olha ao redor, vê que isso é assim. Líderes populistas que apelam para a maioria etnocêntrica de sua comunidade.

É um período perigoso na história. E creio que desde a Segunda Guerra Mundial, grande parte do mundo está em um ciclo generacional muito semelhante.

BBC - Se você fosse aplicar sua tese generacional ao momento atual, o que você diria? O que estamos vendo? E, mais importante ainda, o que acontecerá a partir de agora?

Howe -Não estou no ramo de prever eventos reais. O que faço é prever estados de ânimo sociais, o que torna alguns eventos prováveis.

O que eu prevejo é que na medida em que avancemos em 2020 veremos um aumento nos chamados de ambos partidos (Republicano e Democrata) para que o governo faça mais, em vez de menos.

Basta ver a crise do coronavírus. Agora todos são socialistas. Nunca vi uma transformação igual: no Congresso não sobra um só legislador que seja conservador em termos fiscais. Mesmo no lado republicano, todos estão pedindo mais bilhões.

Provavelmente teremos outra lei de estímulo da economia com mais bilhões em subsídios para negócios, para trabalhadores, para todos.

Já estamos voltando a dar prioridade para a comunidade e, no final, isso vai custar dinheiro real. Isso não virá com uma taxa de juros de 0%. Mais tarde alguém terá que renunciar a alguma coisa para pagar isso.

É isso ou teremos taxas de juros zero para sempre e nossa economia nunca voltará a crescer. E, é claro, essa seria uma situação ainda mais sombria, que provocaria um descontentamento ainda maior.

Então acredito que já estamos lançados [nessa fase]. Já entramos na segunda metade da Quarto Virada com essa recente pandemia e a resposta das políticas públicas a ela.

Também acredito que as eleições de 2020 serão um evento muito disputado e que vão transformar os Estados Unidos, qualquer que seja o lado que ganhe.

Neste momento parece provável que seja o Partido Democrata, mas ainda faltam muitos meses. Há muitas possibilidades.

Se os democratas ganharem e exprimirem sua vantagem, acredito que podemos correr inclusive o risco de uma secessão nos Estados Unidos. Acredito que talvez haverá alguns Estados que não vão seguir (o governo federal).

É claro, isso já aconteceu antes na história do país.

BBC - Você acredita que as coisas podem ir tão longe assim?

Howe -Isso é menos provável se os republicanos ganharem, porque acho que os democratas pensam que controlam a classe que dirige as instituições nacionais.

Sempre pensei que era mais possível se os democratas ganhassem: imagine se há uma regulação ou um novo imposto e vários Estados vermelhos (republicanos) dizem "não vamos pagar por isso, não vamos seguir adiante".

Isso levanta um problema real e é interessante como o governo nacional pode enfrentar esse dilema: se ele não faz essa regra ser cumprida, ele se enfraquece permanentemente. Esse é um problema real. Esse é o momento da verdade.

Podem acontecer várias outras coisas. A geração milênio, que sente que nunca vai alcançar o nível de vida dos seus pais, pode, através do voto, levar a uma mudança completa das nossas instituições econômicas.

Isso, como sempre acontece, vai desatar uma certa oposição.

Este momento se parece muito com a década de 1930: ruptura de alianças internacionais, aumento dos autocratas em todo mundo, auge do populismo e um descontentamento enorme com a situação econômica que conduz até a grandes transformações dos governos, em última instância, redefine completamente a cidadania e as próprias instituições públicas.

BBC - Com respeito às próximas eleições, segundo sua teoria geracional, deveremos ter um choque entre os baby boomers e a geração milênio. Mas, na verdade, teremos Joe Biden ou Donald Trump...

Howe -O líder não é realmente importante.

Biden é interessante porque é membro da geração silenciosa, a primeira na história dos Estados Unidos que nunca chegou na Casa Branca. Passamos de George Bush pai, que foi membro da geração G.I. (chamada assim porque) que lutou na Segunda Guerra Mundial para Bill Clinton, que nasceu depois do conflito (boomer).

É a primeira vez de uma geração inteira ser deixada de lado em termos de liderança nacional.

Chama atenção que os americanos, em um momento de maior crise, olhem mais favoravelmente um integrante de uma geração que sempre acreditou no compromisso e no consenso.

A geração silenciosa cresceu durante a crise e chegou à maioridade durante a Primeira Virada, e portanto sempre foram avessos ao risco. Eles foram muito bem economicamente. Sempre jogam conforme as regras.

Não ajudaram a construir o sistema porque ainda eram crianças, mas sempre foram leais e nunca cansaram de servir ao sistema.

Sempre foram bons cidadãos, diferente dos boomers que chegaram à maioridade destruindo o sistema.

BBC - Chama atenção que a outra alternativa no Partido Democrata era Bernie Sanders, um integrante da geração silenciosa que era muito popular entre as pessoas da geração milênio.

Howe - Sanders estava feliz com a geração do milênio. Biden não era tão popular entre eles, particularmente os "milênios" brancos.

Ele não era o candidato preferido de ninguém, talvez com exceção dos afroamericanos mais velhos que tendem a estar um pouco mais à esquerda na política econômica e em assuntos relacionados com direitos civis e justiça social, mas também são muito conservadores culturalmente.

É certo que Biden tem um apoio mais fraco, mas é muito interessante que os democratas tomaram uma decisão muito consciente de apoiar de forma unânime este candidato que talvez não fosse a primeira opção. Mas disseram: "Vamos nos mexer juntos, vamos mudar os Estados Unidos, vamos substituir Donald Trump".

Se você pergunta aos milênios do Partido Democrata, eles dirão que ele não era a primeira opção para muitos deles, mas quase todos votaram nele. Aqui também existe um enorme contraste partidário.

Acho que nas eleições de 2020 eles vão quebrar todos os recordes de participação de jovens adultos e prevejo que incrivelmente dois terços dos menores de 30 anos de idade votarão nos democratas.

BBC - Em todo caso, ainda deveríamos esperar um choque entre os milênios e os baby boomers...

Howe - Os milênios sentem que querem uma grande mudança de liderança dos boomers nas instituições públicas. Acho que existe um sentimento generalizado, também na geração X, de que os boomers não são muito competentes como líderes cívicos.

No entanto, na vida pessoal e familiar nunca vimos uma geração tão perto de seus filhos adultos jovens. Os milênios e os boomers estão extremamente unidos em suas vidas familiares. Vivem juntos mais que outras gerações e não é só por necessidade econômica.

Os boomers sempre foram muito protetores e afetuosos com seus filhos milênios, que sempre pedem conselhos a seus pais.

BBC - Seus críticos argumentam que você e Strauss reduziram a história americana a uma fórmula matemática e também que sua teoria não pode explicar eventos importantes como o 11 de setembro. O que você diz a respeito disso?

Howe -Se você perguntar a muitos historiadores acadêmicos, eles vão dizer que a história é uma tendência linear contínua de declínio ou queda, o que eu acho pouco crível, ou completamente aleatório ou caótico, em cujo caso seria irrelevante.

Eu não trato de prever cada evento. Tento prever movimentos básicos nos quais seja mais possível que ocorram coisas.

Na década de 1990, um dos grandes concorrentes da nossa visão sobre o futuro era Francis Fukuyama, com o "fim da história".

Segundo ele, os Estados-nação se esvairiam e viveríamos indefinitivamente em uma espécie de capitalismo de mercado com indivíduos que só competiriam entre si através das fronteiras. E esse era o final da história.

Eu diria que se esse é o padrão pelo qual nos comparam, nós fizemos um prognóstico melhor.

BBC - Você cunhou o termo "milênios" quando os primeiros membros desta geração ainda eram crianças pequenas. O quão grande é a brecha entre o que você esperava deles e como eles são na realidade?

Howe - Quando você olha para trás sobre como a gente pensava sobre os jovens no final dos anos 80 e princípio dos 90, acho que previmos corretamente algumas mudanças enormes que pareciam completamente impossíveis ou improváveis para os demais.

Quando começou a década de 1990, a geração X nem sequer tinha um nome.

Doug Coupland finalmente deu um nome a eles em 1992-1993 e finalmente nos acostumamos com a geração X e todos pensaram que havia uma tendência na juventude para o niilismo, o cinismo e o aumento da violência.

Nós vimos um aumento contínuo da taxa de criminalidade. Na verdade, ela alcançou seu ponto máximo em 1984 e 1985.

Vimos muitos jovens cada vez mais distanciados das suas famílias, em uma espécie de cultura desesperada, e completamente apáticos em termos civis. Você já sabe que o lema da geração X é "funciona para mim".

Também vimos jovens que estavam desprotegidos desde a menor idade, que se criavam sozinhos.


Essa é a história de vida da geração X. Eles cresceram durante a revolução do divórcio e não se importavam com nada. Todo mundo os jogou nas ruas e ali eles se viram obrigados a navegar suas vidas sozinhos.

Assim são ferozmente independentes, individualistas, um pouco cínicos, um pouco selvagens e pouco sociáveis. Essa era a imagem do jovem adulto no começo da década de 1990.

Então saímos com um livro que representa com precisão a geração X, porque dissemos que viria uma nova geração e que historicamente já tínhamos visto essa mudança.

Depois de cada "despertar" vem o pânico moral sobre as crianças. E logo, de repente, a próxima geração é muito mais protetora.

Quando chegamos ao ano 2000 e os milênios começam a alcançar a maioridade, previmos que mudariam completamente a imagem do jovem: estariam muito mais próximos de seus pais, seriam muito mais avessos a riscos.

Dissemos que a taxa de criminalidade baixaria, que estariam mais interessados em se educar e obter títulos e que estariam mais orientados para a comunidade. Em última instância, se envolveriam muito mais com a política. Seriam mais otimistas sobre o futuro. E se considerariam especiais.

Foi demonstrado que tínhamos razão. E posso dizer que no princípio dos anos 90, todos pensaram que o que prevíamos sobre os milênios parecia incrível.

A taxa de delitos violentos nos Estados Unidos caiu 75% desde o princípio e meados dos anos 1990. Isso se deve principalmente aos milênios. Acho que acertamos com essa geração.

Uma coisa que previmos que tardou muito em acontecer foi sobre a participação política. Inclusive até recentemente as pessoas reclamavam que "os milênios não votam".

Bom, agora eles votam, então acho que até mesmo essa previsão está começando a ser cumprida.

Acho que os milênios vão mudar a cara da nossa vida cívica. Historicamente, durante um "despertar" vemos que a sociedade muda o mundo interno de valores e da cultura.

Mas durante uma crise mudamos o mundo exterior da economia, a infraestrutura e a política. Acho que aqui é onde os milênios serão muito mais decisivos.

BBC - Você disse que cada idade de ouro começa com uma grande crise. Então suponho que poderíamos ser otimistas...

Howe - As idades douradas quase sempre se referem a uma época depois de uma crise se resolveu com êxito e integrou a sociedade em uma nova dinâmica de comunidade.

Isso geralmente permite que a sociedade lance essa era dourada que frequentemente as sociedades lembram como o momento em que todos esperavam progredir e ter um futuro melhor.

Isso, certamente, não é algo que caracteriza os Estados Unidos hoje.

 

Médica de 88 anos passa 50 dias intubada em UTI, se cura da covid-19 e volta a fazer cirurgias

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Um período de recomeço. Assim a médica Angelita Habr-Gama, de 88 anos, descreve o seu retorno ao centro cirúrgico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo (SP), em 4 de junho.

Naquele dia, ela conduziu a sua primeira cirurgia após retornar ao serviço, depois de passar 50 dias em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do mesmo hospital em que trabalha, após contrair a covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.

Uma das mais renomadas gastroenterologistas do país, Angelita se tornou uma paciente em estado grave, em meados de março. Os pulmões dela foram comprometidos pela covid-19. Com dificuldades para respirar por vias naturais, a médica teve de ser intubada. Apesar de não ter comorbidades, ela era considerada do grupo de risco em razão da idade.

"Não achei que resistiria. Era um quadro muito grave", diz Angelita à BBC News Brasil.

A médica foi internada em 18 de março. Na data, segundo dados do Ministério da Saúde, havia 428 casos do novo coronavírus no Brasil e quatro mortes confirmadas. Quando ela recebeu alta, em 10 de maio, eram mais de 161,6 mil casos e 11 mil mortes pelo vírus no país.

Angelita não acompanhou o início do crescimento exponencial de registros de covid-19 no país, que atualmente tem mais de 1,2 milhão de casos e 55 mil mortes. Intubada e sedada na UTI, ela soube da situação horas após recobrar a consciência.

"É um vírus muito agressivo. Ele se propaga com muita facilidade e como ainda não se conhece muito sobre as características dele, é mais difícil tratar. Mas é preciso ser otimista. É grave, mas nem sempre é letal", reflete a cirurgiã.

Da UTI à recuperação

Em fevereiro, Angelita e o marido, o médico Joaquim José Gama, viajaram para a Europa. Depois, foram para Jerusalém, onde participaram de um congresso internacional de Medicina. Referência em coloproctologia, área que estuda doenças do intestino, grosso, reto e ânus, a médica é presença constante em eventos da área da saúde em diversos países.

Em 28 de fevereiro, o casal retornou ao Brasil. Em 8 de março, a médica deu uma festa para cerca de 400 pessoas em comemoração ao lançamento de sua biografia "Não, não é resposta", assinada pelo escritor Ignacio de Loyola Brandão.


Dias depois, Angelita apresentou sintomas da covid-19. Ela teve febre e tosse intensa. Quando procurou atendimento médico, não acreditava que pudesse ser um caso do novo coronavírus. "Ainda havia poucos casos no país", justifica.

Uma tomografia apontou que os pulmões dela estavam comprometidos, com característica semelhante à de pacientes com o novo coronavírus. Um exame confirmou que a médica estava com a covid-19. O marido dela também foi infectado, porém apresentou sintomas leves.

A cirurgiã acredita que possa ter contraído o vírus durante a viagem internacional. Ela, porém, não descarta a possibilidade de que tenha sido infectada no lançamento do livro, em que distribuiu beijos e abraços entre os convidados.

Angelita foi internada. O quadro de saúde dela piorou. A febre ficou mais intensa e ela não conseguiu mais respirar naturalmente. Ela foi intubada dois dias depois de chegar ao Hospital Alemão Oswaldo Cruz. "A partir dali, não me lembro de mais nada", revela. Ela permaneceu sedada na UTI.

No Oswaldo Cruz, do qual faz parte há 60 anos, a médica teve intenso apoio para a recuperação. Contou com equipe multidisciplinar, com profissionais como médicos, enfermeiros e fisioterapeutas. Angelita considera que a assistência que teve foi fundamental para que pudesse ter uma boa recuperação.

A médica, porém, admite que essa não é realidade da grande maioria dos brasileiros. No país, há diversos relatos de pacientes com a covid-19 que morrem à espera de leitos de UTI. "Dar uma boa assistência ao paciente é fundamental para que ajudá-lo a ter uma boa recuperação", comenta Angelita.

Ela reagiu bem ao acompanhamento que recebeu. Em 10 de maio, a médica teve alta. Na data, o hospital emitiu um comunicado. "Angelita Gama é uma referência para todos nós. Vê-la curada, depois de uma intensa batalha contra o vírus, renova nossa confiança na Medicina, na Ciência, na luta para salvar vidas e traz imensa alegria a todo o corpo clínico e assistencial da instituição", disse nota divulgada pela unidade.

Em virtude do período de intubação, ela teve perda de peso e fraqueza muscular. Em casa, deu início a um acompanhamento para se recuperar totalmente da covid-19. "Progressivamente, as coisas foram voltando ao normal. O meu paladar voltou, passei a me alimentar bem e fiz muitas sessões de fisioterapia respiratória", conta.

"Sou uma pessoa forte e saudável, sempre fiz esportes. Sobretudo, tenho muita vontade de viver. Acredito que isso me ajudou a reagir bem à doença", diz.

No período em casa, aproveitou para ler e aprender mais sobre o novo coronavírus. Em 1º de junho, ela voltou a atender no consultório médico. "Estou totalmente recuperada. Não tive sequelas", comemora.

A volta ao centro cirúrgico

Três dias depois de retornar aos atendimentos, Angelita voltou a conduzir procedimentos cirúrgicos. Nos últimos 20 dias, estima ter feito 10 cirurgias. "Foi uma delícia voltar a trabalhar", diz.

As intervenções cirúrgicas das últimas semanas variaram de uma a quatro horas. Primeira mulher a se tornar titular em cirurgia do Hospital das Clínicas, da Universidade de São Paulo, Angelita afirma que o seu desempenho atual é o mesmo que tinha antes da covid-19.

No atual cenário da pandemia, a médica, que estima ter feito mais de 50 mil cirurgias ao longo da carreira, tem realizado poucas cirurgias. Isso porque as operações eletivas reduziram em todo o país, em decorrência dos protocolos adotados nas unidades de saúde em meio ao avanço do novo coronavírus.

"Temos feito apenas os casos mais importantes, como um tumor que não pode esperar muito tempo, uma infecção abdominal ou uma hemorroida que está causando muita dor. Estamos focando nos casos mais graves", diz.

Vencedora de mais de 50 prêmios ao longo da carreira, Angelita, que ingressou em Medicina na USP aos 19 anos, não pensa em se aposentar. Para ela, a covid-19 é apenas mais um episódio, em meio a tantos outros de sua vida.

"Não foi fácil vencer a covid-19, mas depois que venci essa barreira, as coisas se tornaram ainda mais agradáveis. Eu quero continuar exercendo a minha profissão. Estou bem de saúde e intelectualmente. Assim, vou levando a vida."

/Foto: Divulgação

Inquérito identifica canal bolsonarista que transmitiu atos antidemocráticos no YouTube

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O inquérito dos atos antidemocráticos conseguiu descobrir quem são os donos do canal Foco do Brasil (antigo Folha do Brasil), com dois milhões de inscritos no YouTube. Dias antes de uma operação do caso ser deflagrada, Bolsonaro tinha recomendado o canal em uma live. “Não é porque fala bem, não. É porque fala a verdade”, afirmou.

O canal é administrado por José Luiz Bonito, conhecido como Roberto Boni, que é sósia de Roberto Carlos, e pela empresa Folha do Brasil Negócios Digitais, controlada por Anderson Azevedo Rossi. Os vídeos são apresentados pelo palestrante motivacional Cleiton Basso.

Folha